Em reação à divulgação da trama golpista de militares bolsonaristas, filho 01 do ex-presidente ameaça Alexandre de Moraes e o 03 enxerga “perseguição” política à extrema-direita
A descoberta de um plano de militares bolsonaristas para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin — que incluía a morte de ambos e a do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal federal — fez com que a oposição dentro do Congresso partisse para o ataque. Um dos mais veementes foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que ameaçou o magistrado — que autorizou a prisão dos quatro militares e do agente federal envolvidos na trama — com um processo de impeachment. E ainda pregou a anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
“Digo o seguinte para o Alexandre de Moraes. Ele tem duas opções: ou a gente aprova a anistia aqui ampla, geral e irrestrita para todo mundo e algum parlamentar faz uma emenda para incluí-lo nessa anistia — porque ele cometeu crimes ao longo desse tempo — ou quando tivermos maioria nesse Senado, a gente vai cassar o Alexandre de Moraes”, ameaçou.
Mais cedo, porém, logo que as prisões ocorreram e a trama veio à tona, Flávio escreveu em seu perfil do X (antigo Twitter) que “por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime”. Afirmo, na sequência, que é autor de um projeto de lei que criminaliza ato preparatório de crimes como esse. “Decisões judiciais sem amparo legal são repugnantes e antidemocráticas”, acrescentou.
Quem também partiu para o ataque foi o irmão do senador, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Em publicação também no X, ele classificou como “perseguição”, mas desconversou quando questionado por jornalistas sobre a informação de o plano ter sido impresso no Palácio do Planalto pelo ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência de Bolsonaro. Eduardo tampouco quis comentar o fato de a trama ter sido discutida, segundo a PF, na casa do general Walter Braga Netto, depois das eleições de 2022 — quando concorreu como vice na chapa do ex-presidente.
Também no Congresso, aliados de Jair Bolsonaro consideraram a prisões e a descrição do plano golpista “cortina de fumaça” para tentar associar o ex-presidente à trama. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou, sem citar nomes, que “já não seguem a lei faz tempo” e disse que a operação da PF era para distrair a atenção para problemas no governo Lula.
A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) compartilhou a publicação de Flávio, mencionando um “ensinamento” do “professor” Olavo de Carvalho, o guru do bolsonarismo: “Ou vocês prendem os comunistas pelos crimes que eles cometeram ou eles o prenderão pelos crimes que vocês não cometeram”.
O advogado do ex-presidente, Fábio Wajngarten, compartilhou uma foto do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, com a manchete “Ministro de Lula: Operação da PF envolve núcleo de poder de Bolsonaro”, afirmando que a fala é “inconsequente”. “Como o governo não tem nada para mostrar nem falar, voltamos para a pauta do governo anterior”, publicou.
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