O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal, agiu preventivamente hoje para evitar que o presidente Jair Bolsonaro transforme o 7 de Setembro em seu Capitólio.
Diante da decisão definitiva do Congresso de impedir o voto impresso e em derretimento nas pesquisas eleitorais, Bolsonaro parece ter dobrado a aposta em fazer provocações apostando no caos social.
Em meio ao desemprego, inflação crescente e possível recrudescimento da pandemia de coronavírus, o governo federal decidiu criar um sistema de monitoramento de greves relacionadas ao setor público, com corte de ponto automático de quem aderir.
É apenas uma provocação para agitar sindicatos e trabalhadores.
Declarações recentes de Bolsonaro sobre a data são contraditórias.
“Eu tenho que agir dentro das quatro linhas, apesar de alguns como seu Alexandre de Moraes, como o senhor Salomão do TSE, que estão fora das quatro linhas. Agora, onde é o limite disso? Eu sou leal ao povo brasileiro e e o povo vai estar nas ruas dia 7. O povo é quem tem que dar o norte do que nós vamos fazer”, disse.
Mais recentemente, ele afirmou que as manifestações serão ordeiras e pacíficas.
O presidente disse que irá aos eventos marcados para São Paulo e Brasília.
Porém, manifestações contra Bolsonaro também estão previstas para o dia 7, inclusive na avenida Paulista, onde estarão o pastor Malafaia e diversas outras lideranças evangélicas.
A convocação de lideranças populares bolsonaristas não parece ter acontecido por acaso.
Os cantores Sérgio Reis e Amado Batista chamaram seus seguidores para participar dos eventos.
Hoje, o ministro Moraes determinou busca e apreensão na casa do cantor sertanejo e de vários outros alvos.
De acordo com a Folha de S. Paulo:
1) Otoni de Paula, deputado federal do PSC, já tinha ido alvo de inquérito das fake news,
2) Sérgio Reis, cantor sertanejo e ex-deputado federal,
3) Marcos Gomes, conhecido como Zé Trovão, se identifica como caminhoneiro e tem um canal no YouTube,
4) Eduardo Oliveira Araújo, cantor e ex-apresentador de televisão,
5) Wellington Macedo de Souza, jornalista e responsável pela divulgação de um dos vídeos em que Sérgio Reis fala sobre o ato do dia 7 de setembro com, segundo a PGR, “tom ameaçador”,
6) Antônio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil, pode ter sido um dos patrocinadores do movimento,
7) Alexandre Urbano Raitz Petersen, é editor do portal Brasil Livre, que busca doações para o ato do dia 7 de setembro,
8) Turíbio Torres, se identifica como empresário e é descrito pela PGR como um dos suspeitos de pertencer ao grupo operacional dos manifestantes,
9) Juliano da Silva Martins, também é parte do grupo de operação do movimento, segundo a investigação e
10) Bruno Henrique Semczeszm, escreve para o portal Brasil Livre.
Além disso, Moraes determinou o bloqueio do PIX da Coalização Pro-Civilização Cristã, uma das organizadoras do ato em Brasília.
O sertanejo Sérgio Reis gravou um áudio para convocar agricultores e caminhoneiros a ir a Brasília.
“Para fazer uma coisa séria, para que o governo tome uma posição, o Exército tome uma posição, mas se o povo não tomar essa posição, nada vai. Vocês que estão a fim de salvar o Brasil, vamos com a gente para Brasília”, disse na gravação.
Depois ele se arrependeu e chegou a chorar na gravação de um vídeo, em que explicou sua posição — depois de perder patrocinadores.
Ele foi provocado nas redes sociais pelo deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS): “Dep. Sérgio Reis: tenho uma informação e preciso da sua ajuda para apurar a veracidade ou se é Fake. Um dep. pediu ressarcimento para Câmara de despesa 55 mil reais para substituição de ‘prótese peniana’. Parece que ele recebeu! Dinheiro público. Toca o berrante e vamos descobrir”.
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