O El Niño e o bloqueio atmosférico, que atua na parte central do país, foram um dos responsáveis pelas mudanças climáticas no Brasil
As chuvas no Rio Grande do Sul, a seca no Centro-Oeste e a baixa dos rios no Norte acende o alerta para as mudanças climáticas no Brasil. O El Niño foi o grande responsável pelas alterações do clima em todo o país, apontam especialistas. O fenômeno atingiu máxima intensidade no fim de 2023, e acarretou nas fortes chuvas no Sul, na queda do nível dos rios na região norte e chuvas irregulares no Centro-Oeste e Sudoeste.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o El Niño deve diminuir a intensidade no final de maio. O fenômeno reduz as chuvas na região norte e aumenta no Sul, principalmente no estado do Rio Grande do Sul. A partir de julho, o La Ninã — responsável por chuvas fortes no Norte e Nordeste do Brasil e secas no Sul — entra em ação, levando condições mais secas para o Centro-Sul do país.
Outro fator que influenciou as temporadas de chuva e seca no Brasil foi o bloqueio atmosférico, que mantém a massa de ar seca e quente atuando na parte central do país. Esse bloqueio manteve as frentes frias confinadas no Sul, impedindo que ela avançasse para o resto do país.
A meteorologista do Inmet Andrea Ramos explica que o fluxo de umidade que sai da região Norte passa por todo o país, favorece a instabilidade climática e promove chuvas no Centro-Oeste e Sudeste. “O bloqueio atmosférico permitiu que esse fluxo advindo da Amazônia ficasse canalizado no Rio Grande do Sul. Por isso as fortes chuvas”, esclarece.
De acordo com pesquisa realizada em dezembro de 2023, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 91% dos brasileiros perceberam mudanças climáticas nos últimos anos. Para o meteorologista da Climatempo Vinícius Lucyrio, é preciso relacionar as mudanças climáticas ao aquecimento global. “O aquecimento vai acentuar os extremos, que se tornam mais frequentes e intensos conforme o tempo passa”, pontua.
Segundo o Inmet, na última década a temperatura média no Brasil aumentou cerca de 0,7 grau. “Conforme o planeta vai aquecendo, ele tende a buscar equilíbrio. Se ele (planeta) tiver muito aquecido, a busca por equilíbrio será mais agressiva”, conta Lucyrio.
Seca
Alerta ligado para a possibilidade de seca nos próximos meses no Norte e Centro-Oeste. Segundo previsão climática conjunta do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), Inmet e Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), os meses de maio, junho e julho devem ser de chuvas abaixo da média nos estados de Mato Grosso, Rondônia, norte do Mato do Grosso do Sul, e parte do Amazonas e Acre.
O nível do Rio Acre atingiu, na última quarta-feira (15/5), a menor marca registrada no mês de maio nos últimos 10 anos, quando marcou 3,15 metros. A falta de chuvas na região contrasta com as fortes precipitações vivenciadas entre fevereiro e março, quando o Acre viveu a segunda maior enchente da sua história desde 1971. Vinícius Lucyrio lembra que o Rio Acre responde rápido às alterações climáticas, e a tendência é de níveis baixos para o rio nesta época do ano, no qual a baixa pluviosidade na região.
Com informações do Metrópoles
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