Para o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP), as investigações sobre o clã Bolsonaro já deixaram claro que o pai manda e os filhos agem em uma estrutura paralela e informal às instituições para fazer com que as ordens emanadas do Planalto sejam cumpridas.
Hoje, o senador Flávio Bolsonaro atua pessoalmente como uma espécie de “miliciano em chefe” na CPI da Pandemia, para intimidar questionadores e moldar depoimentos sem que o pai seja incriminado.
Eduardo Bolsonaro, o deputado federal, articula na Câmara, além de permanecer no papel de chanceler particular do pai, como ficou demonstrado na viagem a Israel supostamente para tratar de um spray nasal que poderia combater a covid.
Finalmente, há Carlos Bolsonaro, já apelidado de “vereador federal”. Dos filhos, é o que age quase totalmente nas sombras. Suspeito pelo STF de ter organizado o Gabinete do Ódio, ele teria articulado a compra de um sistema de espionagem fabricado por empresa israelense que é capaz de monitorar aparelhos celulares sem deixar qualquer rastro.
Este é um dos motivos pelos quais Ivan quer ver Carlos Bolsonaro completamente exposto na CPI da Pandemia, que pretende quebrar o sigilo fiscal, bancário, telemático e de todas as plataformas sociais do vereador do Rio de Janeiro.
Para o deputado, Jair Bolsonaro ficará extremamente nervoso com o depoimento do filho, que pode atingí-lo diretamente.
De acordo com o psolista, que está sendo processado por Flávio Bolsonaro por ter questionado a compra pelo senador de uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília, a família infiltra pessoas de sua absoluta confiança em cargos chave e, através dela, atropela até generais da ativa como Eduardo Pazzuelo, ex-ministro da Saúde.
Um dos casos mais óbvios é o de Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e Educação no Ministério da Saúde, a “Capitã Cloroquina” — que lançou em Manaus, dias antes da crise do oxigênio, um aplicativo que receitava cloroquina até para bebês.
Ivan Valente diz que o Centrão está deitando e rolando neste momento, como se viu na votação para privatizar a Eletrobras, que tem o potencial de atender a muitos interesses financeiros e gerar recompensas.
Porém, o parlamentar acredita que vai chegar o momento em que Jair Bolsonaro se tornará um peso eleitoral difícil de carregar e o Centrão poderá abandoná-lo, especialmente no Nordeste.
Veja no topo a íntegra da entrevista de Ivan Valente.
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