Participação de militares em um eventual golpe para fechar o Congresso e o Supremo é uma das propagandas que circulam entre os apoiadores do presidente Bolsonaro
Segundo informações da coluna Painel, da Folha de S.Paulo, as Forças Armadas foram consultadas por grupos de apoio ao governo Bolsonaro se endossariam uma eventual “saída não constitucional” à crise política e a resposta foi que não há risco de que os militares vão embarcar em uma iniciativa como essa.
A participação das Forças Armadas em um eventual golpe para fechar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal é uma das propagandas que circulam entre os apoiadores do presidente Bolsonaro nas convocações para o ato no dia 26 de maio.
Nos últimos dias, o presidente Bolsonaro ajudou a elevar a tensão com os parlamentares depois de compartilhar em uma rede social um texto classificando o Brasil como “ingovernável fora dos conchavos”.
A mensagem enfureceu deputados e senadores que associaram o texto a uma outra declaração de Bolsonaro, feita na quinta-feira passada, de que não abrirá mão dos “princípios fundamentais” que, segundo ele, sempre defendeu.
Ainda segundo a coluna Painel, se Bolsonaro mantiver o discurso de vítima de uma ação conspiratória, parlamentares dizem que a relação entre o Planalto e o Executivo chegará a um ponto sem retorno.
Nos preparativos para os atos de 26 de maio em favor de Bolsonaro, blogs mais extremistas, de apoiadores do torturador da ditadura, Carlos Alberto Brilhante Ustra, estão divulgando outro texto atribuído a um general da reserva que fala em “revolução cidadã”. O material pede que Bolsonaro “lidere o povo”. Outros ainda pedem que os caminhoneiros se engajem nos protestos afirmando que Congresso e STF precisam ser combatidos como se combate “um câncer”.
“O ideal é todos partirem para Brasília (…). Fechar o Congresso e sitiar aquele povo. Chamar o Bolsonaro para tomar uma atitude. Se não deixarem as Forças Armadas”, diz áudio de um dos líderes de núcleos bolsonaristas mais radicais, disparado via WhatsApp.
Enquanto isso, no Congresso o PSL matém discurso dividido, o líder do partido na Câmara, Delegado Waldir (GO), disse à imprensa: “Eu, pessoalmente, trabalho para que as pessoas entendam que o diálogo faz parte da atividade política”.
Já outra líder do partido no Congresso, Joice Hasselmann (SP) diz que os atos preparados para o dia 26 terão o mesmo efeito que “um tiro no pé”. Por outro lado, o Major Vitor Hugo (GO) defende as manifestações públicas.
Nos corredores do Planalto, o que tem sido dito é que os atos planejados para o dia 26 são para fazer frente aos protestos que aconteceram em todo o país no dia 15 de maio, levando milhões às ruas insatisfeitos com o governo, especialmente, contra o corte na Educação. Com isso, Bolsonaro tem esperança de demonstrar que tem força popular.
Por outro lado, articulação dos protestos pró-Bolsonaro, por envolver muitas frentes, aponta mais uma vez para a dificuldade de articulação do bolsonarismo. Enquanto alguns grupos usam discursos mais radicais, no Planalto integrantes do governo e parte do PSL querem direicionar os chamados para uma pauta positiva, como a defesa da reforma da Previdência, de Sérgio Moro e Bolsonaro, sem atacar diretamente às instituições.
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