Em movimento pragmático, o presidente pode sacrificar cargos do PT para evitar apoio do Centrão a uma possível chapa bolsonarista
247 – Em meio a novas sinalizações de reforma ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa a indicar que pode sacrificar nomes do próprio Partido dos Trabalhadores (PT) em prol de uma estratégia política voltada à reeleição. De acordo com informações inicialmente publicadas pelo jornal Valor, o Palácio do Planalto desenha cenários que incluem a possibilidade de convidar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a integrar o governo.
A entrada de Lira na Esplanada, antes vista como hipótese remota, é parte de uma articulação que mira a eleição presidencial de 2026. A avaliação no núcleo palaciano é de que, ao receber um ministério, o PP — um dos principais partidos do Centrão — tenderia a adotar uma postura neutra no próximo pleito, afastando-se de eventuais alianças com o bolsonarismo. Ainda segundo o Valor, emissários do governo já teriam procurado o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), para negociar uma possível reaproximação.Play Video
“Lira é uma espécie de ‘primeiro-ministro’ do Centrão e, caso fique sem espaço, pode dedicar energia para articular pautas contrárias ao Planalto”, diz uma fonte ligada ao governo, reforçando o temor de que o deputado alagoano, ao deixar a presidência da Câmara em fevereiro de 2025, se coloque em campo de oposição.
Para convencer o PP a adotar um discurso de neutralidade no pleito de 2026, o governo avalia oferecer um ministério de relevância ao presidente da Câmara. Inicialmente, Lira teria manifestado interesse pela pasta da Saúde, mas o Planalto considera inegociável a substituição de Nísia Trindade. Dessa forma, a possibilidade de ceder o Ministério da Agricultura vem ganhando força. A questão envolve, entretanto, a bancada do PSD: hoje o titular da Agricultura é Carlos Fávaro (PSD-MT), alvo de recorrentes ataques do Centrão, enquanto a bancada do partido na Câmara já se mostrou insatisfeita com a condução do Ministério da Pesca, atualmente ocupado por André de Paula (PSD-PE).
A articulação de Lula também passa pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O Planalto quer abrir espaço para o senador na Esplanada, de forma a construir uma candidatura forte em Minas Gerais, estado considerado decisivo em eleições presidenciais. A ideia seria oferecer uma pasta relevante para Pacheco, condicionada a um acordo para que ele se candidate ao governo mineiro em 2026. O Ministério da Justiça chegou a ser cogitado, mas perdeu força, surgindo a hipótese de o vice-presidente Geraldo Alckmin, hoje ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), migrar para a Defesa, liberando o Mdic para Pacheco, caso o ministro José Múcio deixe o cargo.
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