Encontro na Granja do Torto deve abordar alta do dólar, falhas na comunicação e mudanças na composição da Esplanada para acomodar indicações políticas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne seus ministros hoje, em uma tentativa de organizar a casa após sucessivas crises. O encontro será realizado na Granja do Torto, residência de campo da Presidência da República, local da última reunião ministerial, em dezembro. Desde então, o governo enfrenta problemas como a disparada do dólar — acima de R$ 6 —, inflação superior ao teto da meta, pressões por mudanças na Esplanada e, mais recentemente, a derrota promovida por notícias falsas sobre a fiscalização do Pix.
O ano que marca a metade do terceiro mandato de Lula não começa bem. O encontro ministerial ocorre no mesmo dia em que o Banco Central preparou uma intervenção no câmbio como tentativa de conter a alta do dólar. A medida é apontada como preventiva, tendo em vista o retorno de Donald Trump à Casa Branca.
Na reunião, o presidente deverá fazer cobranças a seus ministros, exaltar publicamente o que foi entregue até agora e discutir as prioridades para os próximos dois anos. Vale ressaltar que 2025 é ano pré-eleitoral, ou seja, crucial para que Lula consiga se reeleger ou encampar um sucessor em 2026. Em ano de eleição, também fica mais difícil fazer grandes entregas.
Os 38 titulares do primeiro escalão da Esplanada foram convocados, e espera-se a participação completa. Três dos ministros tiveram suas férias interrompidas na quinta-feira passada para participar do encontro: Carlos Lupi, da Previdência, Marcos Antonio Amaro, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência.
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, também volta de férias. Para alguns, será a última reunião ministerial, já que Lula prepara trocas em sua equipe a partir do próximo mês, especialmente após a eleição das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado. O encontro começará cedo pela manhã, às 9h, e deve durar o dia inteiro.
Lula prepara as mudanças para acomodar forças políticas do Congresso. Partidos de Centrão, especialmente, cobram mais espaço — afinal, foram os que mais avançaram sobre os municípios nas eleições de 2024. Reclamam ainda da presença do PT, que tem 12 dos 38 ministérios, o que não seria condizente com seu tamanho no Legislativo. A legenda comanda, inclusive, quase todas as pastas — com exceção agora da Secretaria de Comunicação Social (Secom), chefiada pelo marqueteiro Sidônio Palmeira, que não é filiado, mas tem relação próxima com o partido do presidente.
Um dos ministros que pode deixar o cargo é o chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, uma vez que partidos do Centrão reivindicam a articulação política do governo. O ministro, porém, é homem de confiança de Lula, e integrantes do governo acreditam que ele será remanejado se perder o posto. Pode assumir a Saúde, de Nísia Trindade, pasta que já comandou no governo Dilma.
Dois outros titulares sinalizaram que podem sair voluntariamente do governo. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, informou a sua intenção ao presidente Lula. Múcio considera que cumpriu sua função de reduzir os conflitos entre o governo e militares, especialmente em meio às investigações da Polícia Federal que envolveram oficiais de alta patente, suspeitos de coordenarem um golpe de Estado. De fato, sua atuação é bem vista nas Forças Armadas. O mais cotado para o substituir, caso a saída se confirme, é o vice-presidente Geraldo Alckmin, que teria que deixar o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), que também comanda.
Afagos
A mesma sinalização de saída foi dada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Nesse caso, um dos mais cotados para assumir a função é o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que deixará o cargo em fevereiro. Na quinta-feira, durante a sanção da regulamentação da reforma tributária, uma troca de afagos entre Pacheco e Lula chamou a atenção em meio à possibilidade de o senador assumir uma pasta da Esplanada. Ele defendeu o governo na onda de fake news envolvendo o Pix, e fez elogios ao presidente.
“Tive a honra de dar posse ao presidente legitimamente eleito pelo povo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em uma festividade memorável de coroamento da preservação da democracia do nosso país”, afirmou Pacheco. “A partir da escolha legítima do povo brasileiro, de quem deveria ser seu presidente da República, recaindo, pela terceira vez, sobre os ombros do presidente Lula essa missão”, acrescentou.
Ajuste
Será a primeira reunião com o recém-empossado ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Sidônio Palmeira, que assumiu com o objetivo de unificar a comunicação dos ministérios e tentar reverter a baixa popularidade do governo. No dia em que tomou posse, o publicitário confirmou que vai buscar as assessorias de comunicação dos ministérios para padronizar os informes, e destacou que a divulgação não é tarefa apenas da Secom.
“Não adianta um ministro atirar para um lado, e o outro, para o outro. Vamos fazer isso, a reunião (de alinhamento). É um esforço grande. Temos que estar junto com as Ascoms (assessorias de comunicação) procurando apoio, pegando as informações”, declarou a jornalistas.
O governo vai rever as estratégias utilizadas para anunciar novas medidas, após a crise instaurada por mudanças na Receita Federal da fiscalização do Pix. Embora o governo nunca tenha falado em taxação do pagamento instantâneo, notícias falsas foram divulgadas nas redes sociais nesse sentido, que ganharam tração e forçaram — após ação coordenada da oposição — a revogação da medida.
Além de reformular a equipe da Secom e anunciar uma nova licitação para contratar empresas especialistas em comunicação digital, Sidônio quer dar destaque a áreas como a Educação e a Saúde, especialmente programas como o Pé-de-Meia, que tiveram efeito positivo na popularidade do governo.
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