BOLETIM DO JN: Bandeira vermelha da China, caminhões com oxigênio da Venezuela e a derrocada de Jair
Da destruição do meio ambiente à pandemia descontrolada e o caos de Manaus, várias reportagens mostraram o tom do tratamento que, acredito, será dado a Jair a partir de agora
Por Eliara Santana*, em seu blog
A desconstrução de Jair vinha tomando corpo nas edições do JN, sobretudo a partir de outubro/novembro, quando houve uma piora da pandemia no país, com a chegada da segunda onda sem que o país tivesse superado a primeira, e começava a ficar evidente que o presidente da República não estava disposto a tomar qualquer medida minimamente responsável ou coerente.
A estratégia foi negligenciar, para mostrar que o país anda sozinho sem Jair, portanto, o presidente não interessava.
Isso vai se modificando à medida que a crise piora e Jair não se mobiliza e só continua a criar confusão e difundir fake news.
A partir de dezembro, Jair já não aparece em imagens e falas no JN, apenas a foto (feia) com recorte do impropério dito naquele momento; era, portanto, um silenciamento do presidente, negligenciado, cada vez mais, para mostrar que ele não tinha nenhuma importância no cenário nacional.
A edição de segunda-feira (18-01), que se liga perfeitamente à edição de 14 de janeiro, quando Bonner afirma que a imprensa “esgrimava com loucos”, inaugurou uma nova fase: a desconstrução de Jair, abandonando o silenciamento em relação a ele e mostrando, de forma contundente, que o “messias” tem RESPONSABILIDADE por todo o caos que vem ocorrendo no Brasil com a pandemia.
Ele, os filhos, vários ministros, todos são CULPADOS por declarações infames, falta de ação na pandemia, briga com países estratégicos, recomendação de remédios fajutos contra Covid.
Tudinho foi mostrado, escancarado, esmiuçado. Jair subiu no telhado.
Vou colocar em blocos os os destaques, que dão um fio-condutor à edição:
VACINA CHEGA AO BRASIL
Foram 14 minutos sobre vacina e vacinação no Brasil, em quatro reportagens.
A primeira mostrou que a vacinação finalmente começava no Brasil, na segunda-feira (18-01) por causa da pressão dos governadores no Ministério da Saúde.
A reportagem mostrou a reunião de Pazuello com os governadores para a decisão sobre o processo, com detalhes da fala meio titubeante do ministro, e muitas imagens de caminhões e aviões com a vacina.
Claro, explicitou também a “troca de acusações” entre o governador de São Paulo, João Doria, e o ministro Pazuello.
Houve destaque para as imagens da primeira brasileira vacinada, Mônica Calazans, em SP, com Doria ao lado, “minutos depois da aprovação da vacina pela Anvisa”, informou a reportagem.
Em seguida, mostra a reação de Pazuello, que classificou a ação como “marketing político” e disse que o dinheiro da vacina era do SUS. E então a reportagem dá a deixa: “Dória desmentiu o ministro”.
E a cena construída para enunciar o embate privilegia um dos atores, Doria, que aparece protagonizando algo que o país desejava há muito, a vacinação, e que DESMENTE o ministro.
Ele não contradiz ou refuta ou questiona – ele “desmente”, marcando-se a pressuposição de que o ministro Pazuello estava de fato mentindo.
Na sequência, uma reportagem mostrou as vacinas no Brasil e quantas doses o país tem disponíveis, num quadro bem didático.
Outra reportagem mostrou o atraso na chegada das vacinas ao Rio de Janeiro, além do pedido do governo da Bahia ao STF para uso emergencial da vacina russa Sputnik, uma vez que a Anvisa negou a autorização.
Todas com um componente comum: a ausência de governo federal, de presidente, de poder sério central.
MATÉRIA-PRIMA VEM DA CHINA
A cereja do bolo foi sem dúvida a reportagem de 7 minutos mostrando o que é que a China tem e criticando duramente Bolsonaro, filhos e ministros.
Segundo a reportagem, a China é um dos maiores fabricantes do mundo de IFA, sigla para Ingrediente Farmacêutico Ativo, essencial para a produção de vacinas, e vai fornecê-lo para o Butantan e a Fiocruz produzirem as vacinas no Brasil. Bonner abriu dizendo:
“Para fabricar as vacinas aqui no Brasil, tanto o Instituto Butantan quanto a Fiocruz precisam de um ingrediente que vem de muito longe. Da China. Um país que o presidente Bolsonaro, os filhos dele e ministros atacaram de várias formas, desde o início da pandemia”.
E entra então a reportagem informando que a China é o maior fabricante do mundo de IFA e deixando claro que o Brasil precisa da China.
Bastante explicativa e didática, a reportagem mostra o passo a passo da transferência de tecnologia, o que vai levar o Brasil a ter autonomia na produção da vacina. Mostrou ainda especialistas ressaltando o papel da China e a parceria com o Brasil.
Segundo a reportagem, “o Brasil depende da China para ampliar a produção nacional da vacina. Mas foram muitos os ataques do governo brasileiro e da família Bolsonaro ao governo chinês”.
E então, depois de dimensionar a importância da China e de ressaltar a postura de Bolsonaro e companhia, a reportagem passou a mostrar em destaque, um a um, vários momentos e várias declarações do grupo contra o país.
Primeiro, de Eduardo, que insinuou que o vírus era como uma arma chinesa e que o país era uma ditadura que preferiu esconder tudo.
Depois, o ex-ministro Weintraub, que insinuou que a China ia se beneficiar do vírus e usou o jeito de falar do personagem Cebolinha (que troca o R pelo L) para simular a fala dos chineses; em seguida, o próprio Jair, que falou que faltava credibilidade à vacina desenvolvida na China.
Por fim, as provocações de Dudu sobre o 5G, com destaque para a dura resposta da China, falando em desrespeito e ameaçando. Na tela, a imagem que segue:
Bandeira da China tremulando na edição do JN
Pra fechar, a reportagem mostrou a reprovação crítica de Doria a todas as falas.
AJUDA AMIGA DA VENEZUELA
O que seria inimaginável aconteceu: no JN, reportagem positiva destacando a ajuda da Venezuela para o país. Com direito a imagem do caminhão chegando e sendo aplaudido.
GOVERNO FOI AVISADO DA FALTA DE OXIGÊNIO
Reportagem de 9 minutos mostrou, sem deixar dúvidas, que o governo soube com antecedência da crise do oxigênio em Manaus. Documento enviado pela Advocacia Geral da União (AGU) ao STF admitiu isso.
E Bonner anunciou para marcar a responsabilidade do governo:
“Documento mostra que uma das medidas adotadas pelo governo em reação a esse alerta foi o envio de um medicamento que não tem efeito comprovado nem na prevenção nem no tratamento de doentes com Covid”.
A reportagem começa reforçando que o alerta de colapso no Amazonas foi dado no fim de dezembro – e o Ministério da Saúde sabia.
O documento foi emitido pela AGU em resposta a uma cobrança do ministro Lewandowski, do STF, para uma ação de enfrentamento à crise em Manaus.
O documento da AGU foi mostrado em detalhes, ressaltando que técnicos do Ministério, em dezembro, após várias reuniões, alertaram que havia risco iminente de colapso em 10 dias, no período de 11 a 15 de janeiro.
Mostrou também que a White Martins, empresa fabricante de oxigênio, enviou uma mensagem à secretaria do Amazonas recomendando volumes adicionais do produto.
A reportagem mostrou então que, apesar de todos os alertas, o ministro da saúde somente foi a Manaus com a crise já instalada, em 11 de janeiro.
E que, depois disso, disse que não havia aeronave para levar oxigênio a Manaus.
Das medidas adotadas, destaque para o envio de medicamentos para a Covid em janeiro – 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina, “medicamento que não tem embasamento científico no tratamento da Covid”, lembrando que tal entendimento foi reforçado pela Anvisa na reunião que aprovou o uso emergencial das vacinas.
A reportagem pontuou, um a um, todos os deslizes, toda a falta de responsabilidade do Ministério e do ministro na condução do caso.
Ou seja, argumentos irrefutáveis pra sinalizar a incompetência e a falta de responsabilidade e que podem ser usados pra ações de responsabilidade, penso eu.
DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA
A reportagem de 3 minutos mostrou que “ é veloz o ritmo da derrubada e que ele acelerou durante a pandemia”.
Desmatamento na Amazônia em 2020 foi o maior dos últimos 10 anos, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Imazon, que apontou o Pará como o estado que mais desmatou.
Dessa vez, a reportagem mostrou um crescimento de 30% em 2020 em relação a 2019, com a destruição de mais de 8 mil quilômetros quadrados de florestas.
Tudo explicadinho e desenhado. Após a declaração de Macron, isso é pra deixar o agro é pop de cabelo em pé.
Fotos: Reprodução de vídeo e Twitter
*Eliara Santana é jornalista e doutora em Linguística pela PUC/MG
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