Enganam-se aqueles que pensam o ex-presidente mais popular da história do país será julgado pela justiça brasileira nesse verão. iludem-se, também, quem imagina que a audiência do dia 24 de janeiro decidirá o futuro do cidadão Luís Inácio da Silva.
Quem vai à juízo, nesse segundo ano subsequente do Golpe de Estado que vivemos, é o Lula operário e trabalhador que, não satisfeito com a desigualdade e injustiça do seu país, ousou fazer uma política diferente: incluir a população mais pobre na pauta do dia.
Não há a menor amparo dentro da legislação brasileira que justifique o porquê de um caso tão diminuto (uma reforma num apartamento comum) ser tratado de forma tão célere e intensa, enquanto 51 milhões de reais em espécie – valor equivalente ao lucro líquido das Lojas Americanas no segundo trimestre de 2016 – cai nas pautas de esquecimento da grande mídia e dos tribunais de qualquer instância.
Contudo, há sim uma explicação conjuntural para o caso: Lula é o principal inimigo, do presente e do futuro, da agenda neoliberal e excludente que nossa elite golpista deseja implementar no país.
O presidente Lula é inimigo do Golpe no tempo presente, pois é o único político do país que sobreviveu aos ataques fascistas da negação da política e consegue, assim, representar efetivamente a maioria do povo brasileiro. Hoje, o grande nome para barrar a perversidade de reformas como a previdenciária é Luis Inácio.
Já o nome Lula foi e será eterno inimigo da burguesia nacional, pois esta nunca aceitará que um trabalhador ou trabalhadora ouse melhorar a vida de outro de sua classe. Essa elite vira lata e entreguista nunca mediu esforços para manter seus privilégios, dos latifúndios aos juros exorbitantes, e sabe que, tão certo quanto dois mais dois são quatro, se a classe trabalhadora sonhar em se ajudar, as regalias dos capitalistas estarão com os dias contados.
Assim, no dia 24 de janeiro próximo não é uma pessoa que será julgada, mas sim um ideal: se um operário pode mudar – para melhor – a vida de todo um país.
*Tadeu Porto é editor do Cafezinho e diretor da Federação Única dos Petroleiros e do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense. Esse texto foi publicado, primeiramente, no Nascente (periódico do SindipetroNF) nº 1024.
Por Tadeu Porto*