A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) e deputada federal, Gleisi Hoffmann, reagiu com veemência ao editorial publicado nesta quinta-feira (19) pelo jornal O Globo. O texto acusava o governo de Luiz Inácio Lula da Silva de adotar “teses fantasiosas na economia” e responsabilizava o Planalto pela instabilidade no mercado cambial. Em resposta, Gleisi afirmou que o veículo tenta, injustamente, atribuir ao PT e ao presidente Lula a responsabilidade pelo ataque especulativo ao real, em vez de reconhecer o papel desempenhado pelo Banco Central (BC).
“Quem desafia a lógica, os fatos e a verdade é o editorial do Globo, ao tentar lançar sobre o presidente Lula e o PT a responsabilidade pelo ataque especulativo ao real”, declarou a deputada, reforçando que a inflação está sob controle e que o governo tem promovido ajustes fiscais significativos, diferentemente do cenário herdado da gestão anterior.
Crítica ao Banco Central e à política monetária
Em sua manifestação, Gleisi apontou que o Banco Central tem atuado de forma irresponsável ao manter taxas de juros elevadas e ampliar os custos da dívida pública, prejudicando o equilíbrio fiscal. Segundo ela, a instituição tem sabotado as iniciativas do governo ao adotar uma política contracionista, que contraria os esforços de recuperação econômica.
“Qual é a lógica de fixar as maiores taxas de juros do planeta, na contramão das maiores economias do mundo, com base apenas em ‘expectativas inflacionárias’ e não na realidade de um IPCA que é praticamente igual ao do ano passado?”, questionou Gleisi. Ela também criticou o que chamou de “politização radical” do Banco Central, citando que o órgão, nomeado durante a gestão de Jair Bolsonaro, tem se mantido em rota de colisão com o governo Lula.
Defesa das políticas do governo
A presidente do PT também destacou os avanços do governo atual, incluindo a redução significativa do déficit fiscal, o controle da inflação e a manutenção de políticas sociais, como os pisos de educação e saúde, além do aumento real do salário mínimo. Gleisi rebateu as críticas de que o governo não estaria comprometido com a responsabilidade fiscal, acusando o editorial do jornal de ignorar os dados concretos em favor de uma narrativa desestabilizadora.
“Não há ‘ciência econômica’ nesta distorção de natureza essencialmente política, que está na origem do ataque especulativo à moeda nacional. Nenhum ajuste vai saciar essa gente, porque seu objetivo é desestabilizar o governo do presidente Lula”, afirmou.
Comparações com o governo anterior
Gleisi aproveitou para relembrar o desempenho econômico da gestão Bolsonaro, destacando a desvalorização do real em mais de 45% frente ao dólar e as dificuldades fiscais herdadas pelo atual governo. Para ela, os ataques especulativos recentes e as críticas direcionadas ao PT refletem uma tentativa de impedir o crescimento econômico aliado à inclusão social, marca registrada das gestões petistas anteriores.
A presidente do PT concluiu sua resposta afirmando que o jornal O Globo deveria cobrar autocrítica do governo anterior e não do PT, que, segundo ela, está implementando políticas alinhadas às demandas da população que reelegeu Lula com ampla maioria. “Definitivamente, não é do PT que o Globo deve cobrar autocrítica”, declarou.
O editorial do Globo
No texto que gerou a reação de Gleisi, o jornal acusava o governo de não assumir responsabilidades pela instabilidade econômica e de promover ataques contínuos à política monetária do Banco Central. Para o Globo, o momento exige “seriedade” e “ajuste fiscal na medida necessária”, críticas que foram rebatidas ponto a ponto pela presidente do PT em sua resposta contundente.
RESPOSTA EDITORIAL O GLOBO 19 12 24 Quem desafia a lógica, os fatos e a verdade é o editorial do Globo, ao tentar lançar sobre o presidente Lula e o PT a responsabilidade pelo ataque especulativo ao real. Qual é a lógica de fixar as maiores taxas de juros do planeta, na contramão das maiores economias do mundo, com base apenas em “expectativas inflacionárias” e não na realidade de um IPCA que é praticamente igual ao do ano passado? E só não está menor por causa da carne (seca, queimadas e exportações), passagens aéreas e, pasme, do aumento do preço dos cigarros. A inflação está sob controle e caiu neste governo. Descontroladas são as tais expectativas, que não servem de termômetro para a economia real, porque são contaminadas pela febre da especulação. Qual é a lógica de exigir um esforço fiscal ainda maior de um governo que reduziu o déficit primário de 2,1% no ano passado (pagando o calote do governo passado nos precatórios e a tunga no ICMS dos estados) para algo em torno de 0,25% este ano? Quantos países no mundo fizeram um esforço fiscal desta dimensão? E que outro governo herdou uma lambança fiscal das dimensões legadas por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes? Uma gastança de mais de R$ 300 bilhões para tentar ganhar as eleições, depois de ter arruinado políticas públicas consistentes e sustentáveis, levando o país ao Mapa da Fome, acumulando uma inflação de 27% e levando o desemprego ao recorde de 14%. As medidas que o governo enviou ao Congresso fortalecem a regra fiscal e vão conter o crescimento de despesas em diversos setores. Exceto na conta de juros da dívida, que o BC está ampliando de maneira irresponsável, sabotando por antecipação o equilíbrio fiscal que exige do governo, de forma totalmente indevida, em sua última ata. O que não tem lógica nenhuma é exigir que o governo do presidente Lula revogue os pisos da Educação e da Saúde, os aumentos reais do salário-mínimo e sua vinculação às aposentadorias e ao BPC, como exigem com histeria. Lula foi eleito pela população que tem pleno direito a estas políticas e que precisa delas. Ao contrário do que pretende o Globo, o resultado objetivo da “autonomia” do BC, foi a politização radical da autoridade monetária. Lula foi o único presidente forçado a conviver com um BC nomeado pela atual oposição, que manteve uma linha diametralmente oposta à do governo eleito. O BC bolsonarista impôs uma política monetária suicida por metade do mandato de Lula e ainda projetou para o futuro sua orientação contracionista. Não há “ciência econômica” nesta distorção de natureza essencialmente política, que está na origem do ataque especulativo à moeda nacional. Nenhum ajuste vai saciar essa gente, porque seu objetivo é desestabilizar o governo do presidente Lula, jogando o país deliberadamente numa crise fiscal e a economia na recessão. Não querem que se repita o crescimento do país com inclusão social, num tempo em que o crédito acessível (diferente de barato) e os investimentos públicos e privados conviviam com responsabilidade fiscal e seguidos superávits. E se é para falar de câmbio, no governo Bolsonaro-Guedes a desvalorização do real frente ao dólar foi de 45% (depois de ter chegado a 55%), mais que o dobro dos 20% resultantes do ataque especulativo das últimas semanas. Definitivamente, não é do PT que o Globo deve cobrar autocrítica.
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