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O líder brasileiro aproveitou o discurso a militantes no Instituto Universitário de Lisboa para reforçar o seu compromisso com a responsabilidade fiscal.

NOVO GOVERNO

Lula: “O governo não será só do PT, terá gente até sem partido”

O líder brasileiro aproveitou o discurso a militantes no Instituto Universitário de Lisboa para reforçar o seu compromisso com a responsabilidade fiscal.

 (crédito: Vicente Nunes)

(crédito: Vicente Nunes)

Lisboa — Às vésperas de anunciar os integrantes de seu ministério, o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, mandou um recado ontem ao PT, durante encontro com movimentos sociais que atuam em Portugal. Segundo ele, o seu próximo governo não será só da legenda pela qual se elegeu, será composto “por mais gente da sociedade, com mais gente de outros partidos e com mais gente que não tem partido”. Com esse discurso, Lula tenta conter a gula de petistas, que vêm se digladiando nos bastidores por cargos e causando constrangimentos na equipe de transição. “Aprendemos a ganhar, e temos de saber que esse governo não pode ser só do Partidos dos Trabalhadores”, afirmou.

O líder brasileiro, que teve encontros com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro português, António Costa, aproveitou o discurso a militantes no Instituto Universitário de Lisboa para reforçar o seu compromisso com a responsabilidade fiscal, numa clara sinalização de que quer paz com o mercado financeiro, que teme pelo desequilíbrio das contas públicas por causa da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que retira as despesas do Bolsa Família do teto de gastos. O compromisso com o ajuste fiscal foi feito com o ex-ministro da Educação Fernando Haddad no palco. O petista é cotado para ser ministro da Fazenda.

“Sabemos que a gente não pode gastar mais do que a gente ganha. Mas podemos gastar com habilidade para fazer o país crescer, melhorar do ponto de vista logístico”, frisou Lula. Ele ressaltou que, seguindo o pensamento da responsabilidade fiscal, priorizará os investimentos em educação. No entender dele, esses desembolsos “não são gastos, mas investimentos no futuro”. Para o presidente eleito, é preciso investir na “formação de jovens, formar profissionais capacitados”. Ele lembrou que, quando foi presidente, o país reativou a indústria naval e não havia soldadores de cascos de navios. “Tivemos que trazer trabalhadores brasileiros do Japão”, contou.

Lula, que retorna ao Brasil neste sábado (19/11) e, na próxima semana, assumirá a coordenação-geral dos trabalhos do governo de transição, disse esperar que, com a melhora da economia a partir do ano que vem, quando estará no Palácio do Planalto, brasileiros que estejam em Portugal retornem ao país de origem certos de que terão melhores condições de vida. Hoje, a comunidade brasileira em Portugal é a maior entre os estrangeiros. São mais de 252 mil registrados oficialmente, mas, com os em situação irregular, o total passa de 400 mil.

“Fico com uma certa tristeza quando vejo brasileiros que tiveram de sair do Brasil porque não tinham perspectivas de emprego e de educação. Mas, no nosso governo, essas pessoas poderão retornar para o país”, assinalou. “Não precisa tirar a cidadania portuguesa. Eu espero que logo o Brasil esteja pronto para recebê-los”, acrescentou. Lula também destacou esperar que o Brasil possa ser pacificado logo, de maneira que as pessoas voltem a falar sobre política sem brigas em família e entre amigos. “A política deve ter uma discussão sadia, sem ódio, não brigas entre mãe, pai e filhos. Não é isso que queremos”, enfatizou.

O petista ressaltou que pegará um país em dificuldades, mas que trabalhará “24h por dia, com tesão de 20 anos”, mesmo tendo 77, para criar igualdade de oportunidades para todos. O compromisso será, sobretudo, com os mais pobres, para que o Brasil saia novamente do mapa da fome. Ele prometeu, além de comida no prato, a digitalização do país, para que os mais vulneráveis não passem novamente pelo que se viu no auge da pandemia, quando muitos não conseguiram estudar por não terem acesso à internet. “Não existe nada mais importante para garantir igualdade de oportunidades do que a educação”, disse.

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