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A resposta da CPI ao luto exige mais do que um memorial em espelho d’água

“Quando a gente vê um presidente da República imitando uma pessoa com falta de ar, isso, para nós, é muito doloroso. Se ele tivesse ideia do mal que ele já fez…”

Nesta segunda-feira, 18, na CPI, o depoimento pungente de Katia dos Santos, que perdeu pai e mãe para a covid, deu a dimensão humana do que pode vir a ser uma estocada nas pretensões eleitorais de Bolsonaro.

Mesmo se o relator, Renan Calheiros, após desavenças de senadores, voltar atrás e retirar do relatório a sugestão de indiciamento do presidente por homicídio qualificado, histórias singulares de fim de vida e de luto, como as narradas na CPI, vão ressoar longe, exigindo responsabilizações, nem que seja por meio do voto.

Como disse Rosane, outra convidada, que homenageou o esposo morto, “nós estamos falando daqueles que deveriam estar entre nós neste momento”, desabafo de quem se mantém lúcida para lembrar que pesares não podem ser enterrados sob um relatório investigativo sem consequências.

A proporção tomada pela pandemia no Brasil fez com que circunstâncias individuais, que afetam cada pessoa e família de maneira diferente, não parecessem únicas. O estressor coletivo, a perda cumulativa e mútua, na contagem diária de mortes, banalizaram o luto e a dor.

Por essa razão, foram tão representativas as lágrimas da depoente Mayra, em nome das famílias que, como a dela, estiveram mergulhadas em terrível sofrimento.

O isolamento que negou um último olhar, um último toque, a morte despojada de seus ritos sociais que afastou ombros reconfortantes de amigos, a descrição lancinante da procura pelo pai em sacos dispostos no necrotério lotado, e da gaze embebida em água, providenciada para aplacar a sede da mãe à beira da morte, tudo isso acrescenta ao desamparo íntimo altas doses de indignação e revolta coletiva.

No cotidiano, temos certas expectativas sobre rotinas e segurança, o que faz parte do nosso mundo presumido. Acordamos, tomamos café, trabalhamos, nos distraímos, descansamos.

Mesmo com imensa desconfiança sobre a qualidade do sistema de saúde que temos no Brasil, baseados em vivências anteriores, cidadãos contam com a garantia de que o Estado ofereça alguma rede de proteção contra doenças ou mesmo epidemias.

Antes de falecer por covid a mãe de Geovana, a jovem depoente agora órfã junto com a irmã de 11 anos, era transplantada, fazia hemodiálise no SUS e cuidava das filhas.

Bolsonaro, ao ser lembrado por zombar da doença, dos doentes e dos mortos, faz com que o nosso mundo presumido seja completamente destruído.

Para o taxista Márcio Antônio, que relatou o périplo do seu filho Hugo, de 25 anos, atendido em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Copacabana, no Rio de Janeiro, e só depois foi transferido para um hospital, onde morreu por covid, as vítimas merecem “um pedido de desculpas da maior autoridade do país”.

Marcio, assim como o jornalista Arquivaldo Leite, sequelado pela covid, e que perdeu seis parentes para a doença; e a enfermeira Mayra, de Manaus, que perdeu a irmã porque “todas as portas se fecharam”, e hoje acolhe quatro sobrinhos órfãos, talvez não se importem se o relatório da CPI vai tratar Bolsonaro de facínora, assassino ou genocida, se vai tipificá-lo em sete ou onze crimes.

O documento final da CPI trará todas as respostas de porquê no Brasil a covid matou muito mais do que em outros países: a pandemia minimizada, orientações cientificas desacreditadas, estratégias de bloqueio da disseminação do vírus que não foram adotadas, oportunidades para aquisição de vacinas menosprezadas, o SUS e os planos de saúde que não garantiram a todos o acesso a cuidados médicos oportunos e eficazes.

Dezenas de nomes irão figurar como culpados pela ausência ou incorreção de políticas de controle da transmissão, de atendimento aos pacientes e de vacinação. Serão indiciados ou não, a depender do interesse e agilidade dos órgãos destinatários do inquérito finalizado.

Mas o fato é que Bolsonaro e demais cúmplices de mortes que poderiam ter sido evitadas permanecem ainda hoje nos mesmos cargos e instituições. O contraste entre os vivaldinos e os que perderam a chance de passar mais dias, horas e minutos entre os seus, é perturbador.

Na conclusão da última sessão da CPI, o senador Randolfe Rodrigues anunciou um memorial às vítimas da covid, a ser inaugurado no espelho d’água do Congresso Nacional.

Uma resposta concertada ao luto da Nação exige bem mais do que isso.

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