“O dia 18 mostrou no país inteiro manifestações no país contra esse governo fascista”, destaca o presidente da CUT em ato em frente à Câmara dos Deputados1358
São Paulo – Em balanço sobre a greve dos servidores municipais, estaduais e federais nesta quarta-feira (18), o presidente da CUT, Sérgio Nobre, afirmou que as manifestações nacionais, que seguem até o final deste dia, confirmam a rejeição ao governo Bolsonaro e à proposta de “reforma” administrativa prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020. Em ato em frente a um dos anexos da Câmara, ele advertiu que “se eles pensam que vão (aprovar a PEC 32) sem a resistência da classe trabalhadora, podem esquecer”. “O dia 18 mostrou no país inteiro manifestações no país contra esse governo fascista”, garantiu.
A manifestação em Brasília teve início por volta das 10h, em paralelo com os trabalhos da comissão especial da Câmara que analisa os efeitos da PEC 32 nas políticas públicas de educação e saúde. O projeto pode ir ao plenário no final deste mês.
O presidente da CUT avalia que a proposta do governo “nada mais é do que a continuidade do desmonte dos direitos trabalhistas”, iniciada ainda em 2017 com a chamada “reforma” trabalhista. “Fizeram isso na iniciativa privada e agora querem criar as condições para também fazerem contratos precários no serviço público, contratar com jornada parcial e inclusive com o salário inferior ao salário mínimo. É uma tragédia o que está acontecendo em nosso país”, alertou.
Agora, o 7 de setembro
Com a paralisação “histórica” dos servidores públicos das três esferas, o desafio agora é o dia 7 de setembro, de acordo com Sérgio Nobre. “Temos uma tarefa importante para esse dia. A rua não será da extrema direita, será do povo pelo Fora Bolsonaro”, garantiu, chamando atenção para a jornada de lutas.
O ato em Brasília também contou com a participação de deputados da oposição que destacaram ser possível barrar a aprovação da “reforma” administrativa ainda na comissão. O deputado federal Bohn Gass (PT-RS) ressaltou a importância da garantia constitucional de estabilidade do funcionalismo, que está em xeque na proposta. “Se não fosse o servidor público com estabilidade, concursado, não saberíamos do escândalo da venda ilegal de madeiras da Amazônia. Foi um delegado de polícia que fez essa denúncia porque estava com estabilidade. E se não fosse um servidor do Ministério da Saúde, concursado, não saberíamos da propina que os bolsonaristas queriam da vacina”, relembrou.
Para o parlamentar, o governo ameaça essas garantias “porque querem ‘rachadinha’ em todos os lugares e nós não vamos aceitar isso. O que essa Casa (Legislativa) precisa votar é o impeachment do Bolsonaro. Essa é a votação que precisamos, os R$ 600 da renda emergencial, renda e emprego para o povo”, discursou Bohn Gass.
Destruição dos serviços públicos
A funcionária pública Silva Helena também advertiu que a PEC 32 não é apenas contra os servidores públicos, “mas contra o serviço público”. Segundo ela, o que está em jogo é a “prestação” da educação gratuita, do Sistema Único de Saúde (SUS), entre outros órgão públicos. “A PEC não é uma solução. Assim como foi a reforma da Previdência e a reforma da trabalhista. Essa PEC destrói e privatiza todo e qualquer serviço público, tirando do usuário do serviço público a gratuidade. Esse é o próximo passo”, endossou.
Durante o ato, o deputado federal Professor Israel Batista (PV-DF) também chamou atenção para o retrocesso histórico que a “reforma” administrativa coloca em curso. A análise do parlamentar é que a medida volta o Brasil para o período da República Velha, anterior à Era Vargas. “Do nepotismo, clientelismo, que obedece aos caprichos dos coronéis da política. É esse o Brasil que eles querem de volta.”
Setores da educação também protestaram durante o ato contra a PEC 32, entre outros sindicatos e também trabalhadores dos Correios. Em paralelo aos discursos, os trabalhadores também realizaram uma intervenção artística, chamando a atenção para “coveiros do serviço público”, em que reproduziram o sepultamento de serviços essenciais como educação, saúde e assistência social.
Redação: Clara Assunção
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