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Nesse vídeo é possível verificar, exemplificativamente, a delimitação temporal que foi artificialmente estabelecida na “operação Lava Jato”, que ficou ainda mais clara diante das novas revelações do Intercept Brasil. Cristiano Zanin Martins, advogado de defesa de Lula, no twitter

O ladrão que Moro tratou a pão de ló 

Por Moisés Mendes, no Extraclasse, em 12/04/2018

A figura emblemática da caçada seletiva da Lava-Jato não é o grande delator Alberto Youssef, condenado a 121 anos e 11 meses de cadeia, mas solto depois de cumprir apenas três.

Youssef ficou impune pela segunda vez, depois de enganar polícia, Ministério Público e Justiça no caso Banestado, nos anos 90, incluindo entre os enganados o juiz Sergio Moro, que atuou no caso.

Youssef é o operador impune, mas não é a figura da Lava-Jato que expressa mesmo a impunidade. A história mais fantástica é a de Pedro Barusco.

Ex-gerente de Engenharia e Serviços da Petrobras, homem do segundo time da empresa, Barusco roubou o equivalente hoje a R$ 330 milhões em propinas de empreiteiras.

Confessou que havia guardado US$ 98 milhões na Suíça. E exibiu-se: havia roubado sozinho.

Pois nesta quarta-feira, dia 11, Barusco livrou-se das penas e não deve mais nada à Justiça. Livrou-se até da tornozeleira que usava por ordem do juiz Sergio Moro.

A juíza Carolina Moura Lebbos, substituta de Moro na Lava-Jato, determinou que Barusco é um homem livre.

Prestem atenção no detalhamento do despacho da juíza. Ela diz que o sujeito “cumpriu 739 horas e 36 minutos com ações de prestação de serviço social, 19 horas e 36 minutos a mais do que a pena previa”. Barusco tem créditos a receber.

Só faltou um elogio ao mafioso (e por que foi a juíza substituta quem cumpriu essa missão? O titular não quis ficar marcado como o juiz que zerou as dívidas de Barusco com a Justiça?).

Este último gesto do Judiciário é o deboche final de tudo o que Barusco representa na Lava-Jato.

Foi preso em 2014, confessou que era ladrão, disse que devolveria os US$ 98 milhões, foi condenado a 47 anos e sete meses de prisão. Delatou, ficou menos de um ano preso e foi solto em fevereiro de 2015.

Passou a frequentar as praias de Angra, onde tem uma mansão, e agora está zerado.

O gerente saiu da cadeia quando prometeu devolver o dinheiro e quando delatou o PT como recebedor de propina equivalente a pelo menos 1% dos contratos da Petrobras.

O PT teria conseguido US$ 200 milhões. Ele, como gerente, captou a metade do dinheiro que teria sido conseguido pelo partido no poder.

A Lava-Jato aceitou que Barusco agia sozinho. Todos tinham chefe no esquema da estatal, em todos os partidos. Mas Barusco, não. Barusco roubava só pra ele.

A Lava-Jato acredita que o Brasil acredita que Barusco era o mais esperto de todos os gerentes médios do mundo, o cara que achacava empreiteiros para juntar mais de R$ 300 milhões. O mais imbecil dos brasileiros não acredita nessa história.

Barusco foi poupado de dizer para quem roubava porque agia desde 1997 nos governos tucanos.

Roubou por sete anos, de 1997 a 2002, nos governos de Fernando Henrique. E continuou roubando, na inércia, porque a engrenagem andava sozinha, nos governos do PT.

Nunca em nenhum momento alguém ficou sabendo para quem Barusco roubava.

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