A ex-presidente Cristina Kirchner fez um movimento surpreendente no tabuleiro da política argentina.
Mesmo liderando as pesquisas, Cristina comunicou que não será mais a cabeça de chapa e sim a vice.
O cabeça será Alberto Fernandéz, que foi chefe de gabinete de seu marido Nestor Kichner, quando este foi presidente.
A decisão de Cristina já é, naturalmente, capa de todos os jornais argentinos.
No Página 12, simpático ao kirchnerismo, a manchete é “Por qué Cristina Kirchner eligió a Alberto Fernández?”
A reportagem traz explicação do próprio Fernández, que revelou uma conversa que teve com Cristina: “O país não precisa de alguém como eu, que divido, e sim alguém como você, que some”, foi a frase com que CFK (como é conhecida na Argentina) fez o pedido.
Ou seja, Cristina identificou que a polarização excessiva poderia beneficiar a direita e mudou de tática.
Cristina mostrou desprendimento e astúcia. Apesar de liderar as pesquisas de intenção de voto, seu nome também carrega muita rejeição. Ao indicar um nome com mais trânsito junto ao centro político, Cristina demonstrou humildade e ampliou as chances de vitória de sua chapa nas eleições que ocorrerão no dia 27 de outubro.
Mais importante ainda: segundo editorial do Página 12, Cristina mostrou que não está interessada apenas em ganhar, mas sobretudo em construir, desde já, condições de governabilidade.
Além disso, Cristina enfrenta problemas judiciais que também poderiam afetar, tanto nas eleições como no governo, o seu desempenho político. Há alguns dias, a suprema corte do país anunciou que, no próximo dia 21, votará análise de recursos da ex-presidente, no processo em que é acusada de corrupção. Já houve pedido de prisão de Cristina, mas ela tem conseguido, até aqui, sustar as investidas do judiciário.
O anúncio veio pelas redes sociais, através de um vídeo postado em sua própria conta no Youtube:
Em pesquisa de intenção de voto do instituto Circuitos, divulgada pelo Clarín (cujos proprietários são inimigos políticos de Kirchner), Cristina aparece com 44,2%, contra 36,6% de Macri, numa disputa apenas entre os dois.
No primeiro turno, Cristina tem 34% contra 24% de Macri.
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