O tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, afirmou em delação premiada à Polícia Federal que emitiu certificados falsos de vacinação contra a Covid-19 em nome de Jair Bolsonaro (PL) e de sua filha de 12 anos, Laura, por ordem direta do então presidente. Para a PF, Bolsonaro agiu com “consciência e vontade” para fraudar os dados do Sistema Único de Saúde.
De acordo com o depoimento de Cid, os documentos foram produzidos no Palácio do Alvorada e entregues pessoalmente a Bolsonaro. Essas informações foram incluídas pela Polícia Federal em um relatório que embasou o indiciamento do ex-presidente, Cid e mais 15 pessoas por suspeita de fraude nos cartões de vacina.
O relator do inquérito, ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu retirar o sigilo desse relatório, revelando detalhes importantes sobre o caso. Trechos do depoimento de Cid indicam que a solicitação para produzir os certificados partiu diretamente de Bolsonaro.
“O presidente [Bolsonaro], após saber que o COLABORADOR [Mauro Cid] possuía os cartões de vacina para si e sua família, solicitou que o COLABORADOR fizesse para ele também; o ex-presidente deu a ordem para fazer os cartões dele e da sua filha […] sob determinação do ex-presidente JAIR BOLSONARO e que imprimiu os certificados; QUE solicitou a inserção de dados no sistema CONECTESUS de sua esposa, filhas, ex-presidente JAIR BOLSONARO e de sua filha”, diz um trecho do depoimento.
De acordo com a conclusão da PF, “os elementos de prova coletados ao longo da presente investigação são convergentes em demonstrar que Jair Messias Bolsonaro agiu com consciência e vontade determinando que seu chefe da Ajudância de Ordens intermediasse a inserção dos dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde em seu benefício e de sua filha”.
Segundo a colunista Daniela Lima, da GloboNews, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) também está na lista de indiciados. Veja quem são:
- Gabriela Santiago Cid, esposa da Mauro Cid;
- Luis Marcos dos Reis, sargento do Exército que integrava a equipe de Mauro Cid;
- Farley Vinicius Alcântara, médico que teria emitido cartão falso de vacina para a família de Cid;
- Eduardo Crespo Alves, militar;
- Paulo Sérgio da Costa Ferreira
- Ailton Gonçalves Barros, ex-major do Exército;
- Marcelo Fernandes Holanda;
- Camila Paulino Alves Soares, enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias;
- João Carlos de Sousa Brecha, então secretário de Governo de Duque de Caxias;
- Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro;
- Max Guilherme Machado de Moura, assessor e segurança de Bolsonaro;
- Sergio Rocha Cordeiro, assessor e segurança de Bolsonaro;
- Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora de Duque de Caxias;
- Célia Serrano da Silva.
A operação
As ações são fruto de uma operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em maio de 2023, dentro do inquérito das milícias digitais.
De acordo com as investigações, um grupo ligado ao ex-mandatário brasileiro realizou a inserção de informações fraudulentas acerca de dados da vacinação contra Covid-19 no ConecteSUS para obter vantagens ilícitas. Após isso, retirou as mesmas informações do sistema.
Vale destacar que a PF identificou que os dados falsos foram inseridos poucos dias antes de Bolsonaro viajar aos EUA, em dezembro de 2022 – último mês de mandato como presidente.
Com informações do Diário do Centro do Mundo
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