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O economista Adroaldo Quintela coordena, desde meados de 2018, a criação da Associação Nacional de Economistas pela Democracia – ABED. Na entrevista, ele fala sobre a articulação que vem fazendo, junto com vários economistas espalhados pelo Brasil e exterior, para a constituição da associação. E também da realização, aqui no DF, da Mesa Redonda “A Previdência Necessária Para a Democracia Com Justiça Social”, que ocorrerá no próximo dia 19 em Brasília.

PTDF: Por que criar uma associação de economistas pela Democracia?

Quintela: Desde o golpe que derrubou a Presidenta Dilma Rousseff, o Brasil enfrenta uma onda de autoritarismo e eliminação dos direitos econômicos e sociais dos trabalhadores e de grupos específicos como mulheres, negros, indígenas e LGBT. Recentemente houve a eleição de um Presidente fascista, cujo propósito é destruir a cidadania e o Estado Democrático de Direito e implementar uma política econômica ultraneoliberal, contrária aos interesses nacionais. Portanto, a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia – ABED sintetiza a unidade dos economistas brasileiros de centro e esquerda vusando contribuir com as entidades da sociedade civil na resistência democrática e lutar em defesa das liberdades democráticas fundamentais e da Constituição Cidadã de 1998. Espeficificamente, faremos o combate diuturno contra a política econômica ultraneoliberal e entreguista, ao tempo em que discutiremos propostas de desenvolvimento sustentável com equidade econômica, social e regional.

PTDF: O que diferencia essa associação das outras entidades profissionais de economistas?

Quintela: As entidades profissionais como os Conselhos de Economia são autarquias federais, cuja missão principal é defender os interesses corporativos da categoria. Congrega economistas de todos os matizes ideológicos. Neste sentido, possuem limitações legais e práticas para liderar
a luta pela democracia. No nosso caso a definição do que somos e do que podemos fazer é estabelecida por uma Carta de Princípios elaborada coletivamente, cuja discussão da primeira versão será concluída em 31 de março próximo.

PTDF: Em que ponto está a articulação neste momento?

Quintela: Atualmente participam do esforço de construção da ABED mais de 450 economistas em 23 unidades da federação brasileira, na Europa e nos Estados Unidos. Vale destacar que a ABED é estruturada em coletivos regionais e internacionais, para conferir mais dinâmica de atuação local, concertada em termos nacionais. Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe já estão organizados em Coletivos e constituem a Coordenação Nacional Provisória da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia – ABED. Até fins de abril serão criados coletivos em Alagoas, Pernambuco, Paraná, Piauí e Rio Grande do Sul. O Coletivo Internacional está em vias de desdobramento, constituindo os coletivos da Europa e dos Estados Unidos.

PTDF: Quais as contribuições que a ABED pretende dar para o debate nacional?

Quintela: Vou me ater aos principais temas econômicos em sentido estrito. Reforma da Previdência, Reforma Tributária com Justiça Fiscal, defesa da Amazônia contra a exploração e espoliação do capital monopolista Internacional, papel dos bancos públicos no financiamento do desenvolvimento, privatização das estatais e um claro posicionamento técnico e político contra a desvinculação das despesas públicas, que implicará em drástica redução nos gastos sociais tais como educação, saúde, assistência social, habitação popular e saneamento. É importante, destacar, que a Agenda Prioritária da ABED está em elaboração para ser divulgada no lançamento nacional em Ato Público na Câmara dos Deputados, em 7/5/2019.

PTDF: Como será a Mesa Redonda sobre a reforma da Previdência? Quem são os debatedores?

Quintela: Por ordem de relevância os principais objetivos da mesa redonda “A previdência necessária para a democracia com justiça social”, são:
1- Divulgar a existência do Coletivo da ABED no Distrito Federal visando atrair mais economistas democratas para o quadro de sócios, assim como divulgar a associação para a sociedade brasiliense. 2. iniciar o debate público sobre a Reforma Previdenciária, dizendo não à Nova Previdência, mostrando caminhos socialmente justos para corrigir distorções no atual regime previdenciário e para enfrentar gradualmente alguns problemas estruturais.
A mesa redonda será iniciada com uma apresentação de 10 minutos, sobre o que é a ABED, o processo de organização e os próximos passos em termos nacionais e locais. Na sequência os debatedores farão uma exposição inicial de 15 minutos. Depois das apresentações abre-se o debate com os participantes para formular as perguntas em até 3 minutos. A cada bloco de 6 perguntas os debatedores se pronunciam.
Debatedores:
Carlos Gabas, ex-ministro da Previdência Social.
Marcos Rogério, mestre em direito e representante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia.
Paulo Kliass, doutor em economia e sócio fundador da ABED-DF.

PTDF: da mesa redonda vai sair alguma proposta ou documento de subsídio a outras propostas mais democráticas?

Quintela: A pretensão da Mesa Redonda é dar o pontapé do debate da Previdência com os economistas, entidades congêneres e o movimento social. Mas, em termos práticos,colocamo-nos à disposição dos movimentos sociais e dos partidos de centro esquerda para dialogar sobre a emenda constitucional 06/2019, e o impacto negativo sobre os diferentes segmentos de trabalhadores assalariados e por conta própria. Estamos dispostos a atender demandas de “aulas populares” sobre a tal da Nova Previdência.
Muito obrigado pela oportunidade.

Serviço:

Mesa Redonda: “A previdência necessária para a democracia com justiça social”

Debatedores: 

Carlos Gabas, ex-ministro da Previdência Social.
Marcos Rogério, mestre em direito e representante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia.
Paulo Kliass, doutor em economia e sócio fundador da ABED-DF.

Quando e onde: 19/03/2019 – 19h às 21h30 no Auditório da CUT Brasília  (CONIC)

Por Valéria Moraes

Edição: Danielle Veloso

 

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