O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, concedeu entrevista à Veja e nela falou sobre as críticas que o governo Lula recebe sobre sua articulação política, a sucessão presidencial de 2026 e a “síndrome de pânico” do mercado. Confira trechos:
Por que há tanta crítica à articulação política do governo?
Desde que assumi o cargo, sei que aqui é lugar de águas agitadas, mas sempre digo que mar tranquilo não faz bom marinheiro. Terminamos os dois primeiros anos de mandato do presidente Lula com a maior taxa de aprovação de projetos de iniciativa do Executivo desde a redemocratização. E não estou botando nessa conta propostas de iniciativa do Congresso que foram decisivas, e que o governo apoiou, como a reforma tributária. Toda a agenda prioritária foi aprovada para garantir um novo ciclo de crescimento na economia e a reconstrução de políticas sociais. Nós saímos do governo Bolsonaro, que mantinha um relacionamento tóxico com o Congresso, o Judiciário e a imprensa, e construímos um verdadeiro programa de reabilitação das relações institucionais. (…)
Se as relações institucionais vão bem, por que realizar uma reforma ministerial?
Primeiro, o presidente nunca falou sobre reforma conosco. Mas é natural que todo treinador leve os titulares e os reservas para o vestiário para se preparar para o segundo tempo do jogo. O governo precisa acelerar a colheita das ações programáticas e o projeto eleitoral de 2026. Isso significa consolidar a aliança com alguns partidos que apoiaram Jair Bolsonaro em 2022, mas que, depois do 8 de Janeiro, passaram a participar do nosso governo. (…)
Alguns desses partidos já têm pré-candidatos à Presidência, como o governador Ronaldo Caiado, do União Brasil.
Não vou entrar na questão interna de partidos. Uma coisa é se anunciar candidato, outra é vir a ser candidato. Os ministros desses partidos reafirmam o tempo todo não só o compromisso com a defesa do projeto do presidente Lula até 2026 como ajudam a fazer com que suas bancadas votem as propostas prioritárias do governo. É com eles que contamos para manter o crescimento econômico. Há uma década o Brasil não tinha dois anos consecutivos de crescimento acima de 3%. (…)
2024 também terminou com inflação acima da meta, dólar recorde e juros subindo. Esses sintomas devem ser ignorados?
Repito: são sintomas típicos de uma síndrome do pânico, mas que não afetam o coração da economia. (…)
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