“Publicações têm se caracterizado pela maliciosa e criminosa tentativa de atingir a honra pessoal de militares” , disse o general José Ricardo Vendramin Nunes em um comunicado
Reuters – Alvo constante, desde o segundo turno, de apelos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro por um golpe após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições, o Exército está irritado com publicações nas redes sociais que acusam generais de serem “melancias” – verdes por fora, comunistas vermelhos por dentro.
Desde que Bolsonaro perdeu a votação de 30 de outubro, grupos pequenos, mas comprometidos, de seus apoiadores acamparam nos arredores de quartéis do Exército, pedindo às Forças Armadas que anulem o resultado da eleição.
Nos últimos dias, parece que alguns deles perderam a paciência com a reticência do Exército em intervir, acusando seus principais generais de serem comunistas enrustidos que favorecem Lula.
“Esses são 4 generais comunistas contra o povo, eles querem o governo Lula”, escreveu a usuária do Twitter Eugenia Moreira da Costa, com fotos de generais do Exército. “São generais melancia, verdes por fora, vermelhos por dentro.”
Em um comunicado interno de 16 de novembro visto pela Reuters, o chefe de comunicações do Exército disse que havia sido instruído pelo chefe da Força a repudiar “postagens em aplicativos de mensagens com alusões mentirosas e mal intencionadas a respeito de integrantes do Alto Comando do Exército”.
“Tais publicações têm se caracterizado pela maliciosa e criminosa tentativa de atingir a honra pessoal de militares com mais de quarenta anos de serviços prestados ao Brasil”, afirma a nota assinada pelo general José Ricardo Vendramin Nunes, sem mencionar o meme da melancia.
As postagens equivalem a “desinformação”, disse ele, acrescentando que “o Exército brasileiro permanece coeso e unido”.
Durante meses, Bolsonaro buscou apoio militar para suas acusações infundadas de que o sistema de votação eletrônica do país era passível de fraude. Isso gerou temores de que Bolsonaro não aceitasse uma derrota nas eleições e que os militares, que governaram o Brasil durante a ditadura de 1964-85, pudessem apoiá-lo.
Até agora esses temores se mostraram infundados. Embora não tenha reconhecido explicitamente a derrota, Bolsonaro não impediu o início do processo de transição de governo e as Forças Armadas seguem sem atender aos apelos dos bolsonaristas radicais.
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