youtube facebook instagram twitter

Conheça nossas redes sociais

Fachada da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa. Foto: reprodução

Uma publicação no Instagram do Afrolink, um site de ação afirmativa de Portugal, desencadeou a suspensão de um curso em uma universidade de Lisboa e gerou repercussão em toda a Europa. O conteúdo do post criticava a “Pós-Graduação em Racismo e Xenofobia”, oferecido pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa em parceria com o Observatório do Racismo e Xenofobia, uma entidade governamental. O conteúdo da postagem, ilustrado com fotos dos professores, destacava a ausência de diversidade no corpo docente — todos os professores eram brancos.

“As reações foram compreensivelmente indignadas, e a universidade e o observatório retiraram a página do curso no mesmo dia”, declarou Paula Cardoso, fundadora do Afrolink, à Folha de S.Paulo.

Cardoso, que é moçambicana e possui cidadania portuguesa, relatou ter analisado o conteúdo do programa, apontando diversas falhas e a falta de diversidade como um dos problemas mais graves. “Um dos módulos tinha o título: ‘Mas o racismo existe mesmo?’. Para quem sofre isso na pele todos os dias, a pergunta é no mínimo insultuosa”, completou.

Paula Cardoso, fundadora do Afrolink, que denunciou a falta de diversidade entre os docentes. Foto: reprodução

Margarida Lima Rego, professora da Nova, comentou à agência de notícias Lusa que “entre o momento da aprovação do curso e o da sua operacionalização ocorreram diversas alterações”. Ela explicou que a indisponibilidade de alguns formadores levou a ajustes no programa, que acabou por não refletir os princípios de diversidade e inclusão.

A criação do Observatório do Racismo e Xenofobia foi uma recomendação do Plano de Combate ao Racismo e à Discriminação, implementado em 2021 pelo governo socialista de António Costa. A instituição, fundada em 2023, surgiu em parceria com a Faculdade de Direito da Nova como um projeto acadêmico, mas, segundo críticos, nasceu com falhas profundas.

Myriam Taylor, ativista portuguesa na área de diversidade e direitos humanos, foi enfática ao afirmar: “Foi um projeto que nasceu torto.

As posições de comando sempre foram ocupadas por brancos, como se a palavra observatório significasse pessoas brancas observando o racismo. Na universidade, ninguém achou estranho, porque em Portugal é normalizado que não existem pessoas racializadas em espaços de poder.”

Essa visão sobre racismo em Portugal tem raízes históricas, segundo Taylor. Durante a ditadura salazarista (1933-1974), propagou-se a ideia de que o país não sofria com racismo e que a colonização portuguesa havia sido benigna.

O conceito de “lusotropicalismo”, desenvolvido pelo sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, foi utilizado por António Salazar para promover a ideia de que os portugueses, devido à convivência com diversos povos, não eram racistas como os ingleses e americanos.

Paula Cardoso, do Afrolink, também comentou sobre uma conversa que teve com Ana Catarina Mendes, ministra do governo de António Costa, logo após o lançamento do Plano de Combate ao Racismo e à Discriminação.

“Ela me perguntou o que era racismo estrutural e ficou surpresa quando eu disse que havia negros sendo discriminados no mercado de trabalho simplesmente por incluírem suas fotos nos currículos”, afirmou Cardoso, destacando que a crença de que “não há racismo em Portugal” prejudica o debate sobre questões fundamentais no país.

  • Laudo falso: filha de médico pede indenização de R$ 150 mil de Marçal e clínica

    Laudo falso: filha de médico pede indenização de R$ 150 mil de Marçal e clínica

    Carla Maria de Oliveira e Souza, filha do médico José Roberto de Souza, entrou com uma ação na Justiça comum, solicitando uma indenização de R$ 150 mil contra Paulo Pablo Marçal (PRTB) e a clínica Mais Consulta. O motivo é um laudo falsificado, divulgado pelo ex-coach, que utilizou a assinatura do pai de Carla para…


  • Nunes foge mais uma vez e Boulos faz debate com a população

    Nunes foge mais uma vez e Boulos faz debate com a população

    Nesta sexta-feira (18/out), o atual prefeito Ricardo Nunes fugiu mais uma vez de debater a cidade, cancelando sua participação em evento do SBT. O candidato da coligação Amor por São Paulo, Guilherme Boulos, fez então um debate com a população em frente ao Theatro Municipal, no Centro de São Paulo. Boulos respondeu a perguntas da…


  • SP pode enfrentar novo temporal com granizo e ventos de até 100 km/h nesta sexta

    SP pode enfrentar novo temporal com granizo e ventos de até 100 km/h nesta sexta

    A cidade de São Paulo deve enfrentar fortes pancadas de chuva e ventos com velocidade média de 80 km/h nesta sexta-feira (18), de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE). A chegada de uma frente fria traz o risco de tempestades, raios e queda de granizo, principalmente no fim da tarde. As…


Os comentários estão desativados.