No Brasil de Bolsonaro, alimentar-se vem se tornando uma tarefa cada vez mais difícil. Aquele mundo de fantasia em que as pessoas agradecem Paulo Guedes no supermercado só existe na cabeça do ministro. Ao fazer compras, o brasileiro médio só tem vontade mesmo é de chorar com a inflação e o preço dos alimentos.
E não é para menos! A inflação de agosto atingiu 0,87% e foi a mais alta para o mês desde os anos 2000, tendo atingido 9,68% no acumulado de 12 meses. Diversos itens que fazem parte do consumo básico dos brasileiros subiram muito acima do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE.
O repolho teve alta de 75,7% em 12 meses, o óleo de soja, 67.7%; o pimentão 59.5%; o pepino 59,3%; a abobrinha 58,4%, o tomate 31,4%, a laranja lima 33,4%, o açúcar refinado 37,7% e a mandioca 41,6%. O prato feito também está mais caro. O arroz subiu 32,75; o feijão fradinho 40,35% e as carnes em geral 30,8%. O músculo subiu 38,9%, o filé mignon (que passou a objeto de desejo anual) 35,3% e o frango em pedaços 25%.
O botijão de gás teve alta de 31,7% na média nacional. Na região de Curitiba, a inflação do botijão chega a 36,3%, a maior dentre as cidades pesquisadas. O preço já passa de 100 reais em várias cidades do país. Bolsonaro, se eximindo da responsabilidade, como sempre, chegou a sugerir que as pessoas adotem práticas milicianas de comprar botijões nas comunidades. Enquanto isso, pessoas se queimam e morrem ao tentar fazer comida com álcool de cozinha ou cozinhar com lenha.
O posto de gasolina é outro lugar que tem provocado lágrimas. A alta dos combustíveis para veículos (30,2%) pesa feio no bolso. O etanol disparou 62,3%, a gasolina subiu 39,1% e o diesel 35,4%. Essa alta tem influenciado, inclusive, no trabalho de quem já não tinha trabalho. Muitos motoristas de aplicativo estão desistindo dessa ocupação por causa da disparada dos preços. Vale lembrar também a alta nos combustíveis impacta diretamente no preço dos alimentos, devido ao aumento dos custos de transporte.
Diante desse cenário catastrófico, Paulo Guedes teve que voltar atrás e assumir que a inflação no Brasil está descontrolada (e que “ruídos na política”, também conhecidos por Bolsonaro, atrapalham o crescimento). Para se ter uma ideia, em 2010, no último ano do governo Lula, a inflação para agosto ficou em -0,05% e apenas 4,4858 no acumulado de 12 meses. O etanol subiu apenas 4,7% e a gasolina subiu apenas 0,46% em um ano. Dá saudade, né?
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