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Não foi o ‘coronel’ Caiado; não fora o ‘filhote de Perillo’, o Zé Eliton; tampouco o insosso e golpista Daniel Vilela a assumir o tema da economia social para Goiás. Fora, justamente, a candidata Katia Maria (PT).

Ao invés do gigantismo anti-ecológico e anti-ambiental do grande agronegócio que sulca o Cerrado goiano de uma ponta a outra; que arruína com águas e meios ambientais urbano e rurais; que proletariza ‘por baixo’ e na mais escancarada precarização trabalhadores rurais, a candidata Katia, espantosamente ousada e com pés bem assentados no chão identifica o que, de fato, é a economia goiana.

As cidades goianas são, grosso modo, ajuntadas amplas e plenas de muita economia informal, espontânea e sumamente marginal. Vejamos o que é o conurbado territorial e econômico de Goiânia e sua caótica e fragmentada região metropolitana. Se está a tratar de região entregue aos humores de um mercado caótico, desordenado e fora de qualquer controle social, público e econômico. Informalidade são feiras e feiras notadamente espontâneas e que surgem em praças, calçadas, vielas, ruas, avenidas, de fronte a igrejas ou pátios de colégios, em ladeiras ou em lotes vagos. É espantoso!

Nada contra as feiras, aliás, eu as amo. Propiciam encontros sociais e econômicos e garante vida para milhões de goianos. É que no abandono e no descaso público, as multi-facetas da informalidade passam a acontecer em feiras, espaços de troca e comercialização, locais populares de produção e intercâmbios. E isso precisa ser melhor entendido para garantirmos segurança social, direitos previdenciários e qualidade produtiva e sanitária para todos os produtos e produtores postos em nossas incontáveis feiras.

Mais do mesmo acontece agora em Catalão, Rio Verde, Padre Bernardo, Luziânia, Morrinhos e Itumbiara. Somos um estado de informais; mesmo as assim classificadas empresas formais não sobrevivem sem atividades informais diárias, presentes e ampliadas. É óbvio que esse estratagema amplia as sempre gordas taxas de lucro do nosso patronato do ‘salve-se quem puder’.

A maturidade política e de gestão de Katia Maria é identificar na ecologia econômica de Goiás o majoritário das informalidades, dos precários, dos pequenos, desassistidos e desamparados por um Estado, historicamente apropriado por fazendeiros, latifundiários, especuladores e parasitas similares.

Senti-me integralmente contemplado! Sua sensibilidade me tocou e mexeu com os brios de todos os que, mesmo de longe, acompanham os desdobramentos dessa política.

“Regra Um” para catapultar a economia: entender o que é essa economia; “Dois”: planejamento não é coisa da antiga União Soviética é, isto sim, dispositivo de gestor inteligente, moderno e que sabe o que quer; “Três”: todo economista sério e atento não vê sua população e respectiva potência criadora e inovadora como problema, ao contrário, o ‘homem/mulher’ público/pública identifica talentos e energias; nichos, mercados e potencialidades produtivas e de consumo; se apropria desse universo criador/transformador e faz mundos sociais, harmônicos e equilibrados; “Quatro”: o gestor de futuro percebe contradições e seu empenho e inteligência é para superar tais contradições a fim de uma sociedade justa e de iguais… Fora disso é “papo de aranha”.

A economia social, popular e solidária é o esteio de nossa economia; somos milhões de desempregados, sub-ocupados, temporários, terceirizados, quarteirizados. Somos meeiros, extrativistas, roceiros, pescadores, ambulantes, trabalhadores eventuais, ocupantes e nômades de uma suburbanidade terrível e implacável contra pobres, negros e caboclos e nossa via de entrada às dinâmicas dessa economia, não tem jeito, é pela economia social ou nada será.

Um brinde de cachaça doce de engenho para a sensibilidade e maturidade administrativa da professora Katia. Vivaaaa… Estamos vivos!

Ângelo Cavalcante – Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), campus Itumbiara.