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Presidente disse aos ouvintes da Rádio CBN, em entrevista nesta terça (18), que “as mesmas pessoas que falam que é preciso parar de gastar são as pessoas que têm R$ 546 bilhões de isenção”

“O que é importante saber é a quem este rapaz é submetido”, disse Lula, sobre Campos Neto

Em entrevista concedida à Rádio CBN, na manhã desta terça-feira (18), o presidente Lula reiterou o sólido desempenho econômico do Brasil sob sua gestão e desferiu duras críticas à atuação do Banco Central (BC), às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em meio a previsões de congelamento da taxa básica de juros da economia (Selic), a segunda mais alta do mundo. “Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil nesse instante: é o comportamento do Banco Central”, disparou, depois de assegurar que o país retornará ao patamar de 2010, quando o petista concluiu o segundo mandato.

Essa é uma coisa desajustada: um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político, e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país. Porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”, lamentou. “Acho muito triste, porque o Brasil não precisa disso.”

O presidente colocou em xeque as recentes movimentações políticas do indicado de Jair Bolsonaro (PL) à chefia do BC, Roberto Campos Neto, semelhantes, segundo Lula, às do ex-juiz e hoje senador pelo União Brasil, Sérgio Moro. “O que é importante saber é a quem este rapaz é submetido. Como é que ele vai a uma festa em São Paulo, quase que assumindo uma candidatura a um cargo no governo de São Paulo? Cadê a autonomia dele?”, questionou.

“Não é que ele encontrou com o Tarcísio em uma festa. A festa foi do Tarcísio para ele. Foi uma homenagem que o governo de São Paulo fez para ele. Certamente porque o governador de São está achando maravilhoso a taxa de juros”, ironizou, referindo-se ao governador paulista, Tarcísio de Freitas (PL).

Sobre a sucessão de Campos Neto, Lula antecipou o perfil de quem passará a ocupar o cargo. “Na hora que eu tiver que escolher o presidente do Banco Central, vai ser uma pessoa madura, calejada, responsável, alguém que tenha respeito pelo cargo que exerce e alguém que não se submeta às pressões de mercado. Alguém que faça aquilo que for de interesse dos 203 milhões de brasileiros”, descreveu.

Equilíbrio econômico

Ao falar das intimidações do mercado para que o governo reduza despesas, o presidente apontou as contradições das classes ricas do país e reafirmou que não prejudicará os mais vulneráveis em uma eventual reestruturação das finanças. “As mesmas pessoas que falam que é preciso parar de gastar são as pessoas que têm R$ 546 bilhões de isenção (…) são os ricos que se apoderam de uma parte do orçamento do país. E eles se queixam daquilo que você está gastando com o povo pobre”, contestou.

“Não me venham querer que se faça qualquer ajuste em cima das pessoas mais humildes desse país. Eu estou disposto a discutir o orçamento com a maior seriedade, com a Câmara, com o Senado, com a imprensa, com os empresários, com os banqueiros. Mas para que a gente faça com que o povo mais humilde, o povo trabalhador, o povo que mais necessita do Estado, não seja o prejudicado como em alguns momentos da história foi”, afirmou Lula.

O petista lembrou da desoneração aprovada pelo governo federal que beneficia 17 setores da indústria nacional, sem, contudo, qualquer reciprocidade por parte dos empresários. “Qual é a contrapartida que esses setores dão para o trabalhador? Qual é a estabilidade no emprego que eles garantem? Qual é o aumento de salários que eles garantem? Nenhum. Apenas pegam a isenção fiscal, não tem nenhum compromisso com o povo trabalhador, apenas para aumentar o lucro”, denunciou.

Produto Interno Bruto

O presidente Lula ressaltou também seu otimismo em relação à economia brasileira. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,8%, contrariando todas as expectativas do mercado. “Você tem o país que está com a economia crescendo acima daquilo que o mercado imaginou. Você tem um país que está gerando mais empregos (…) Você tem a massa salarial crescendo 11,5%”, elencou.

“A situação é muito boa do ponto de vista econômico, se você comparar com o Brasil que nós pegamos quando nós chegamos (…) Tem mais investimentos. Tem o PAC. São R$ 1,7 trilhão de investimentos. O PAC está todo lançado, está todo em andamento. É por isso que eu digo que, esse ano, é o ano da nossa colheita. Ou seja, nós plantamos no ano passado, semeamos esse ano e agora nós vamos colher tudo aquilo que nós fizemos.”

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