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Marielle Franco. Foto: reprodução

Empresas vinculadas à gestora de ativos Brookfield transferiram pelo menos R$ 3,3 milhões para contas da empresa da advogada Érika Andrade de Almeida Araújo, esposa do delegado Rivaldo Barbosa de Araújo Júnior, implicado no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista, Anderson Gomes, conforme informações do UOL.

A Polícia Federal (PF), com base em informações do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), descobriu esses repasses durante a investigação do crime. Segundo a PF, a consultoria Armis, registrada em nome de Érika, era usada para ocultar pagamentos destinados ao delegado.

Rivaldo Barbosa ocupava o cargo de chefe da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro à época do assassinato e, dez dias depois do ocorrido, foi promovido a chefe de polícia.

A PF alega que ele recebeu R$ 400 mil para garantir a impunidade dos suspeitos de serem os mandantes do crime: os irmãos Domingos Brazão, conselheiro no TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio), e Chiquinho Brazão, deputado federal pelo União Brasil do Rio de Janeiro. Os três estão detidos preventivamente desde 24 de março.

O Coaf registrou que a Armis recebeu R$ 3,9 milhões de diversos fornecedores entre junho de 2016 e agosto de 2020. Dessas transferências, 84% vieram de construtoras ou imobiliárias controladas pela Brookfield.

A Brookfield é uma multinacional canadense de gestão de ativos, com mais de US$ 900 bilhões sob gestão globalmente. No setor imobiliário, administra US$ 276 bilhões em empreendimentos em várias cidades do mundo.

As transferências para a Armis foram feitas por meio de empresas do setor imobiliário ou da construção civil que têm a Brookfield como sócia ou controladora indireta, incluindo Aparine Empreendimentos, TG Rio de Janeiro Empreendimentos, TG Centro-Oeste Empreendimentos Imobiliários, TGRJ Empreendimentos Imobiliários e TGRJ Empreendimentos Econômicos.

A Brookfield afirmou que as empresas que fizeram os repasses para a Armis são parte do portfólio das companhias Tegra Incorporadora e Erbe Incorporadora, e, portanto, não poderia comentar sobre os envios de dinheiro, embora ambas sejam controladas pela Brookfield, conforme declarado em seus balanços e comunicações institucionais.

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Brookfield. Foto: reprodução

Em resposta por e-mail, a Erbe declarou que a Armis prestou serviços de consultoria em segurança para empreendimentos no Rio de Janeiro, mas os contratos foram encerrados em 2019.

A Tegra informou que não mantém relação contratual com a Armis desde 2020 e que a fornecedora em questão realizou consultoria em análise de riscos e segurança para terrenos antigos, estandes de vendas e canteiros de obras no Rio de Janeiro.

Tanto a Tegra quanto a Erbe e suas controladas operam de forma independente, com CNPJs próprios. No entanto, são controladas pela Brookfield por meio de sociedade direta ou de alguma empresa constituída pela gestora de ativos para integrar o quadro societário dessas construtoras.

Essa prática é comum no mercado imobiliário. Em vez de adquirir imóveis ou realizar obras diretamente, a gestora constitui outras empresas ou se associa a terceiros para investir indiretamente nos empreendimentos. Dessa forma, não é a própria gestora que realiza as obras ou compra os imóveis, mas uma das empresas controladas por ela.

Por isso, o segmento em que atua a Brookfield é denominado gestão de ativos: a empresa não está envolvida diretamente na execução das obras, mas sim nas operações financeiras relacionadas aos imóveis.

Empresa de fachada

Vale destacar que a Armis foi fundada em abril de 2016 como uma empresa de “consultoria em gestão empresarial, exceto consultoria técnica”. Pouco depois, Rivaldo foi designado como chefe da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio.

Érika é a única sócia da Armis – entre dezembro de 2014 e maio de 2018, ela compartilhou sociedade em outra consultoria com o marido, a Mais I Consultoria.

No entanto, segundo informações da PF, a Armis é uma empresa de fachada gerenciada diretamente por Rivaldo Barbosa. De acordo com os investigadores, a consultoria tem como único propósito receber pagamentos destinados ao delegado.

O relatório do inquérito inclui prints de emails e transcrições de mensagens entre Rivaldo e clientes da Armis. Essas conversas mostram que ele enviou o portfólio da consultoria a vendedores de carros e cobrou fornecedores por problemas em contratos – como o caso com a Light, concessionária de energia elétrica de 31 municípios do Rio, que transferiu R$ 160 mil para a Armis.

Essas evidências, de acordo com a PF, indicam que Rivaldo Barbosa era o administrador de fato das empresas e era responsável pela comunicação com os clientes e pela apresentação dos serviços oferecidos.

Com informações do Diário do Centro do Mundo

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