O governo Lula (PT) está atuando como um cabo eleitoral na campanha pela admissão da Palestina como membro pleno das Nações Unidas. Recentemente, o Itamaraty intensificou seus esforços, entrando em contato com diversos governos na tentativa de convencer a comunidade internacional a reconhecer a Palestina como um Estado, conforme informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
Para o governo brasileiro, esse reconhecimento é crucial para alcançar um acordo de paz na região e estabelecer fronteiras claras que impeçam o contínuo avanço sobre o território palestino.
Na última quinta-feira (18), o Conselho de Segurança deve votar uma resolução proposta pela Argélia, concedendo aos palestinos o status de membro pleno. No entanto, os Estados Unidos já manifestaram sua intenção de vetar a proposta, argumentando que o reconhecimento palestino e sua adesão à ONU devem ser resultado de negociações bilaterais com Israel, não de debates na ONU.
No comitê da ONU encarregado de examinar candidaturas, o caso palestino enfrenta um impasse. As reuniões desta semana foram inconclusivas, especialmente devido à recusa dos EUA em conceder o status aos palestinos neste momento.
Além disso, o Congresso americano aprovou uma lei estabelecendo que, se a Palestina for admitida como membro pleno da ONU, os repasses dos EUA para as agências internacionais que atuam na região seriam suspensos.
Apesar desses desafios, os governos árabes decidiram seguir adiante com o processo, visando forçar um voto no Conselho de Segurança e criar um constrangimento internacional para os EUA.
A adesão palestina ainda depende do apoio de dois terços dos 193 países da Assembleia Geral da ONU. Os palestinos acreditam que podem obter esse apoio, mas destacam a importância do apoio americano para avançar com o processo.
Papel de protagonista
No final do ano passado, o Brasil encerrou seu mandato no órgão máximo da ONU, mas continua sua campanha em prol dos palestinos, inclusive com planos para o chanceler Mauro Vieira discursar em Nova York antes de uma votação crucial.
Recentemente, o chefe da diplomacia brasileira e embaixadores estiveram em contato com diversos governos ao redor do mundo para fortalecer a campanha palestina.
O papel do Brasil nesse esforço foi acordado entre Mauro Vieira e o chanceler palestino, Riyad Al Maliki, durante conversas na Cisjordânia, onde o Brasil defendeu a necessidade de um cessar-fogo e o reconhecimento do Estado palestino.
Em 2012, a Assembleia Geral da ONU concedeu aos palestinos o status de membro observador, permitindo a participação de seus diplomatas em debates, embora sem direito a voto. Apenas nove países votaram contra na época, incluindo EUA e Israel.
A retomada do processo ocorre em meio ao temor de que o conflito em Gaza resulte em novas invasões de terras por parte de Israel. A tensão na região é agravada pela presença de mais de 700 checkpoints na Cisjordânia, aumentando o controle sobre as cidades palestinas.
Os palestinos reconhecem que o veto americano no Conselho de Segurança pode ser um grande obstáculo, mas agora contam com o apoio do Brasil em sua campanha.
Para o Itamaraty, o reconhecimento como membro pleno é crucial para garantir um acordo de paz que estabeleça claramente dois Estados, palestino e israelense, com fronteiras internacionalmente reconhecidas.
A atuação do Brasil tem gerado insatisfação entre alguns diplomatas israelenses, que não hesitam em criticar o governo Lula. A relação entre Israel e Brasil tem enfrentado turbulências nos últimos meses, com Lula sendo considerado “persona non grata” em Israel após comentários relacionados ao regime nazista.
Com informações do Diário do Centro do Mundo
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