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Revista Forbes trata como improvável a hipótese de a Marinha brasileira ter um grande número de militares com HAP, doença considerada rara

Um artigo publicado na revista norte-americana Forbes no dia 17 de abril de 2022 desmonta a narrativa usada pelos militares brasileiros para justificar a abertura de pregões para comprar mais de 35 mil comprimidos genéricos de Viagra. O escândalo foi revelado em reportagem do UOL, que se baseou em um levantamento feito pelo deputado federal Elias Vaz, do PSB.

As Forças Armadas abriram processos para comprar 35.320 comprimidos com o composto sildenafil, que é o nome genérico do Viagra, em doses de 25 mg e 50 mg. Mais de 28 mil comprimidos seriam destinados à Marinha, enquanto o Exército e a Força Aérea ficariam com 5 mil e 2 mil comprimidos, respectivamente. Questionada, a instituição afirmou que os medicamentos – usualmente administrados no combate à disfunção erétil – seriam usados em tratamentos de hipertensão arterial pulmonar (HAP).

No artigo escrito pelo jornalista e médico Bruce Y. Lee, a Forbes desmonta a justificativa dos militares. O artigo explica que a HAP eleva “a pressão nas artérias que levam sangue do coração para os pulmões” e que existem várias causas possíveis para a HAP, “variando de altitude elevada a defeitos cardíacos congênitos, exposição a drogas ou toxinas, distúrbios do tecido conjuntivo a infecções por HIV ou esquistossomose.”

“De fato, os médicos têm usado sildenafil em alguns casos para tratar a HAP.” Porém, o distúrbio é considerado “raro”, sendo encontrado em 15 a 50 pessoas por milhão nos Estados Unidos e na Europa, de acordo com dados extraídos de uma revista científica americana.

“Portanto, provavelmente não há um grande número de militares brasileiros com HAP crônica. Mesmo se você argumentar que o sildenafil foi para ajudar a aliviar a HAP temporária induzida por grandes altitudes, não é como se a maior parte do sildenafil fosse para militares que provavelmente operam em grandes altitudes. De acordo com a reportagem do UOL, 28.320 comprimidos foram para a Marinha, o que significa que muito do sildenafil pode ter ido para os marinheiros. Presumivelmente, muitos membros da Marinha trabalham ao nível do mar. E o nível do mar tende a estar no nível do mar, e não no topo das montanhas”, ironizou o artigo.

“Além disso”, continuou o autor, “as doses de 25 mg e 50 mg compradas pelos militares brasileiros parecem um pouco, digamos, grandes para fins de HAP.” Nos Estados Unidos, médicos recomendam de 5 mg ou 20 mg de sildenafil três vezes ao dia para adultos em tratamento de HAP, “com cada dose espaçada de quatro a seis horas.” Logo, a dosagem dos comprimidos desejados pelas Forças Armadas está acima do recomendado para tratamento de HAP.

“Resta saber que outras explicações para as compras de sildenafil surgirão. A administração de Bolsonaro será capaz de fornecer uma razão importante e não impotente? Haverá justificativa suficiente para que isso seja uma ordem permanente? Ou isso será considerado um caso de fraude de ereção?”, indagou a Forbes, fazendo trocadilhos, em tom debochado, com as palavras “election” e “erection”, além de “important” e “impotent”.

Não foi a única vez que o trocadilho apareceu no artigo da Forbes. Logo no começo, a revista também debochou da situação inusitada envolvendo os militares, afirmando que o ano de 2022 no Brasil é de eleição (election), mas, aparentemente, alguns no governo Bolsonaro entenderam que é ano de ereção (erection).

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