Presidente norte-americano conversa, nesta terça-feira, com o russo Vladimir Putin sobre plano para tentar encerrar o conflito. Partilha de território deve dominar ligação. Líderes europeus suspeitam de intenções da Rússia
Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, terão a segunda conversa telefônica desde o retorno do republicano à Casa Branca — a primeira ocorreu em 12 de fevereiro. A Presidência dos Estados Unidos assegura que “a paz nunca esteve tão perto” na Ucrânia. No entanto, uma declaração de Trump causou estranhamento e preocupação em especialistas e em cidadãos ucranianos. “Nós conversaremos sobre terras. Nós falaremos sobre usinas de energia. Acho que discutimos muito sobre isso por ambos os lados, Ucrânia e Rússia. Estamos falando sobre isso, dividindo certos ativos”, afirmou o norte-americano, sem especificar que tipos de “ativos”. Acredita-se que a usina mencionada seja a central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa.
“A conversa está efetivamente sendo preparada para terça-feira”, confirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. A chefe de política externa da União Europeia (UE), Kaja Kallas, externou a desconfiança do bloco em relação às intenções de Putin. “O que a Rússia apresentou deixa claro que não quer, verdadeiramente, a paz. Ela está definindo, como pré-condições, seus objetivos de guerra finais”, advertiu a diplomata. A Casa Branca apresentou um plano de cessar-fogo imediato de 30 dias. No entanto, Moscou condiciona o fim dos combates ao reconhecimento, por parte da Ucrânia, do controle russo dos territórios ocupados. Também insiste que o país governado por Volodymyr Zelensky abandone o desejo de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Diretor da organização não governamental Eurasia Democracy Initiative (em Kiev), Peter Zalmayev aposta que qualquer acordo de cessar-fogo não dará frutos antes que Trump deixe a Casa Branca. “Alguns especialistas creem que Trump pretende saber dos metais raros que estão em solo ucraniano e sua localização. No fundo, há uma competição entre Ucrânia e Rússia por investimentos dos EUA. Putin deverá propor a instalação de indústrias americanas em território russo”, disse ao Correio.
Zalmayev criticou a postura de Trump e lembrou que o republicano “danificou severamente” o direito internacional. “Isso ocorreu com sua decisão unilateral de abandonar o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e a Organização Mundial da Saúde (OMS)”, afirmou. De acordo com ele, o único modo de a Ucrânia proteger a própria integridade territorial envolve a participação direta da Europa. “A UE sugere abertura para enviar tropas à Ucrânia, como capacetes azuis do Reino Unido e da França. Vários países-membros do bloco também decidiram ajudar Kiev a remontar o arsenal, durante um eventual cessar-fogo, e a fortalecer as fronteiras ucranianas.”
Presidente do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento da Ucrânia entre 2014 e 2019 e cofundadora do Centro Internacional para a Vitória Ucraniana (em Kiev), Hanna Hopko frisou ao Correio que Trump, algumas vezes, disse que a Ucrânia deve concordar com concessões ou compromissos e esquecer os territórios ocupados pela Rússia. “Nós jamais poderemos reconhecê-los como russos Nossa soberania inclui as garantias de segurança, a adesão à Otan e o reforço das nossas forças armadas”, comentou. A ex-deputada explicou que a sociedade americana apoia a Ucrânia em massa e “jamais concordaria com um presidente que traísse a grandeza dos EUA”. Quanto à preocupação dos europeus, Hopko afirmou que os países-membros do bloco temem que os russos iniciem novo confronto no Corredor de Suwalki, na fronteira entre Lituânia e Polônia.
Reforço de tropas
O governo do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, declarou que “um número significativo” de países fornecerá tropas para garantir uma eventual trégua na Ucrânia dentro da denominada “coalizão de voluntários”. “Prevemos a participação de mais de 30 países. Obviamente, a capacidade de contribuição irá variar, mas se tratará de uma força importante, com um número significativo de países aportando tropas e outro maior contribuindo de outras formas”, anunciou o porta-voz de Starmer.
EU ACHO…

“Nos últimos dois anos, a Rússia tem se engajado em sabotagens e em incêndios criminosos, além de tentativas de assassinato. Veremos mais disso. Os europeus estão muito certos em se preocupar com Putin, que tem gastado muito dinheiro nessa campanha de desestabilização da democracia.”
Peter Zalmayev, diretor da organização não governamental Eurasia Democracy Initiative (em Kiev)

“Os europeus entendem que a nova aliança entre Rússia e EUA não se focará nos princípios do direito internacional. Isso é muito perigoso, pois provocará caos. A Rússia é o maior agressor entre os países que formam o chamado “eixo do mal”. Ela nunca desiste de suas ambições imperialistas e deseja agarrar mais terras.”
Hanna Hopko, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento da Ucrânia entre 2014 e 2019 e cofundadora do Centro Internacional para a Vitória Ucraniana (em Kiev)
Quer ficar por dentro do que acontece em Taguatinga, Ceilândia e região? Siga o perfil do TaguaCei no Instagram, no Facebook, no Youtube, no Twitter, e no Tik Tok.
Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre Ceilândia, Taguatinga, Sol Nascente/Pôr do Sol e região por meio dos nossos números de WhatsApp: (61) 9 9916-4008 / (61) 9 9825-6604.
- “Devolvam-nos a Estátua da Liberdade”, pede deputado francês aos EUA
- Lula defende regulação das redes e exalta papel da OAB para a democracia
- Lindbergh pede ao STF triplo da pena por crimes de Gustavo Gayer contra Gleisi
- “Faz o L”: prévia do PIB vai a 0,9% em janeiro, maior índice desde junho de 2024
- Efeito Lula: trabalhadores mais pobres tiveram maior aumento de renda em 2024