Grupo ficou dois meses em frente ao Quartel General, em Brasília. Relatório técnico foi entregue pela PM à Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Legislativa; Exército informou que está contribuindo com investigações.
“Se tiver que dar tiro, dá tiro”, diz mulher em áudio gravado em acampamento bolsonarista
Um documento entregue pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF) diz que o Exército Brasileiro cancelou uma operação para desmobilização do acampamento de bolsonaristas instalado em frente ao Quartel-General, em Brasília. Durante mais de dois meses, um grupo que chegou a ter mais de 1,2 mil pessoas ficou acampado no Setor Militar Urbano (veja vídeo acima).
O relatório técnico, assinado em 17 de janeiro, foi elaborado pelo gabinete do comando-geral da corporação para responder a um requerimento da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF).
De acordo com o relatório, no dia 29 de dezembro de 2022, a pedido do Exército, foi programada uma ação para o enfrentamento do comércio irregular em frente ao QG e nas proximidades da Praça dos Cristais. Segundo a PM, o Exército coordenaria a operação.
Após o acordo, a PM diz que disponibilizou 500 policiais de vários departamentos, como o Bope e o Choque, para atuar na desmobilização no acampamento, mas o Exército desistiu.
“Cabe salientar, no entanto, que a despeito de todo o esforço e do aparato mobilizado pela Polícia Militar do Distrito Federal, face à demanda apresentada e ao apoio operacional solicitado pelo Exército Brasileiro, a referida Força, na ocasião, decidiu pela não realização da operação, possibilitando a permanência, continuidade e funcionamento do acampamento”, diz o relatório.
O Exército Brasileiro disse ao g1 que está colaborando com as investigações e que o caso “está sendo apurado pelas autoridades competentes” (leia nota ao final da reportagem).
O relatório diz ainda que a ação do dia 29 de dezembro não foi a primeira operação “frustrada” para des.
“Cumpre salientar que algumas ações anteriores, programadas com o objetivo de promover a desmobilização do acampamento instalado nas proximidades do Quartel General do Exército, não ocorreram, sendo frustradas em virtude de razões externas, alheias à PMDF”, diz o documento.
Veja vídeos sobre o acampamento de bolsonaristas em Brasília
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Do discurso ao terrorismo: dois meses dentro do acampamento bolsonarista em Brasília
Coronel disse que Exército dificultou prisões
O coronel da PM Jorge Eduardo Naime, que chefiava o Departamento Operacional da PMDF durante os ataques terroristas disse em depoimento à CPI, na quinta-feira (16), que o Exército dificultou a prisão dos bolsonaristas radicais que invadiram as sedes dos três poderes da República.
O coronel afirmou aos deputados distritais que estava de licença no dia dos ataques, mas que foi convocado para participar da remoção dos golpistas da Esplanada dos Ministérios. No entanto, de acordo com ele, militares do Exército dificultaram a ação da PM e chegaram a tentar impedir a corporação de entrar nos prédios invadidos.
Naime afirmou também que, após a contenção dos terroristas, ele seguiu para o acampamento em frente ao QG do Exército, mas que foi impedido pelos militares do Exército de prender os suspeitos.
“Tinha uma linha de choque do Exército com blindados. Eles não estavam voltados para o acampamento, mas sim para a PM”, disse o coronel da PMDF.
O que diz o Exército
“O caso está sendo apurado pelas autoridades competentes. A Instituição segue à disposição dos Órgãos que apuram os fatos, a fim de contribuir com as investigações, sendo que quaisquer esclarecimentos solicitados serão prestados exclusivamente a eles. Nesse contexto, a Força Terrestre tem proporcionado total apoio para o esclarecimento de todos os fatos.”
Por Walder Galvão, g1 DF