Ele propõe um giro de 180 graus na política externa brasileira, que teria forte impacto na geopolítica e na economia internacional: abandono da política pacifista, alinhamento automático com os Estados Unidos, ataque à China, que seria, segundo esta lógica, excluída do BRICS e ofensiva para derrubar o governo legítimo e constitucional de Nicolás Maduro.
É o que revela reportagem da jornalista Thais Bilenki no jornal Folha de S.Paulo neste domingo (16). O texto, que Araújo fez chegar ao núcleo da campanha em setembro, foi o primeiro passo para sua posterior nomeação como chanceler do futuro governo. O artigo, intitulado “Por uma política externa do povo brasileiro”, é uma espécie de carta de intenções.
Mais explícito não poderia ser. O diplomata ataca a política pacifista do Brasil e propõe alinhamento automático com o imperialismo estadunidense e outras forças da direita, como os atuais governos da Itália, Polônia e Hungria.
Uma das proposições já foi transformada em decisão, a ser concretizada após a posse do novo governo: a saída do Brasil do Pacto Mundial para Migração.
A proposta de Ernesto Araújo que poderá ter maior impacto geopolítico e na economia internacional é a de que o Brasil questione os Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Sugeriu que se tente substituí-lo por um “Brics antiglobalista sem a China”.
Ernesto Araújo mostra-se disposto a tornar o Brasil uma esécie de soldado raso da guerra estadunidense contra a China. No texto, afirma que pretende impor ao principal parceiro comercial do Brasil “pressão em todas as frentes”.
O futuro chanceler propõe “utilizar os organismos financeiros internacionais para frear a crescente dependência dos países em desenvolvimento em relação ao capital chinês. Virar o jogo da globalização contra a China.”
Assumindo sem disfarces uma posição reacionária, de ingerência e intervencionista contra países progressistas latino-americanos, Araújo defende a “liquidação do bolivarianismo nas Américas”. Neste aspecto também revela sua postura de submissão aos Estados Unidos: “o Brasil poderia comandar o processo de deslegitimação do governo Maduro na Venezuela e pressão total, juntamente com os EUA, para sua substituição por um regime democrático”.
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