Uma pesquisa recente do Datafolha apontou que a maioria dos brasileiros, a partir dos 16 anos, é favorável à proibição do uso de celulares por crianças e adolescentes nas escolas, tanto em sala de aula quanto nos intervalos. O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (16), revela que 62% da população apoia o banimento.
Entre os pais de crianças de até 12 ou 18 anos, o apoio à proibição é ainda maior, chegando a 65%. Apesar disso, 43% dos pais de crianças de até 12 anos afirmam que seus filhos já possuem um celular próprio. O número sobe para 50% entre os pais de adolescentes de até 18 anos.
A pesquisa também revelou que 76% dos entrevistados acreditam que o uso de celulares nas escolas traz mais prejuízos do que benefícios ao aprendizado de crianças e adolescentes. Entre os pais de crianças, essa percepção sobe para 78%.
O levantamento foi realizado entre os dias 7 e 8 de outubro, com 2.029 pessoas em 113 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com um nível de confiança de 95%.
As mulheres são ainda mais preocupadas com os efeitos negativos do celular no ambiente escolar. Segundo o levantamento, 78% delas acreditam que o aparelho traz mais prejuízos do que benefícios, em comparação a 73% dos homens.
O apoio ao banimento também é mais forte entre pessoas com maior nível de escolaridade: 69% dos que têm ensino superior são a favor da proibição, enquanto o índice cai para 59% entre aqueles que possuem apenas o ensino fundamental.
Em um contexto de polarização política, o uso de celulares nas escolas é uma questão que une eleitores de Lula e Bolsonaro. De acordo com a pesquisa, 61% dos eleitores do atual presidente apoiam a proibição, enquanto 63% dos eleitores do ex-presidente têm a mesma opinião.
A preocupação com os prejuízos do celular ao aprendizado também é compartilhada por eleitores de ambos os lados: 76% dos lulistas e dos bolsonaristas acreditam que o aparelho impacta negativamente o desempenho acadêmico dos estudantes.
Diante dessa crescente preocupação, o governo federal está elaborando um projeto de lei (PL) para proibir o uso de celulares por alunos em escolas públicas e privadas em todo o país. A medida faz parte de um pacote de ações contra o uso excessivo de telas na infância e adolescência, que está sendo preparado pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com o Planalto.
O banimento já é adotado voluntariamente por algumas escolas no Brasil e em outros países, onde a proibição tem ganhado força. A prefeitura do Rio de Janeiro foi pioneira ao implementar a medida por meio de um decreto, que contou com o apoio da maioria da população.
No entanto, o governo federal pretende deixar claro que a proibição do celular nas escolas não deve interferir no uso pedagógico do aparelho. O PL deve permitir o uso do celular em atividades educacionais, desde que autorizado por professores, o que já é previsto em propostas como a que tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Essa exceção também é contemplada no decreto da prefeitura do Rio de Janeiro e em legislações de outros países que adotaram o banimento de celulares em escolas.
No estado de São Paulo, a proibição do uso de celulares nas escolas está sendo discutida pelo governo de Tarcísio de Freitas. A medida vem ganhando apoio na população, e a administração estadual estuda dar sinal verde para um projeto de lei que já tramita na Assembleia Legislativa.