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 As informações são do módulo Rendimento de Todas as Fontes, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta quarta-feira (16) pelo IBGE.

A pesquisa também mostrou que os 10% da população mais pobres detinham 0,8% da massa de rendimento, enquanto os 10% mais ricos concentravam 43,1%. Já a massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita, que era de R$ 264,9 bilhões em 2017, cresceu para R$ 277,7 bilhões em 2018.

A média de rendimentos do trabalho do país, para pessoas de 14 anos ou mais, ficou em R$ 2.234, acima do valor inicial da série em 2012 (R$ 2.133), mas abaixo do registrado em 2014, que foi de R$ 2.279. No Nordeste, o rendimento médio era de R$ 1.479, enquanto no Sudeste, chegou a R$ 2.572.

Na passagem de 2017 para 2018, o Nordeste foi a única região onde o rendimento de trabalho diminuiu. “O rendimento do trabalho corresponde a aproximadamente três quartos do rendimento total das famílias. O mercado de trabalho em crise – onde as pessoas estão deixando seus empregos e indo trabalhar em outras ocupações, com salários mais baixos – provoca um impacto no rendimento total”, explicou a gerente da PNAD Contínua, Maria Lucia Vieira.

O rendimento médio mensal de trabalho da população 1% mais rica foi quase 34 vezes maior que da metade mais pobre em 2018. A parcela de maior renda arrecadou R$ 27.744 por mês, em média, enquanto os 50% menos favorecidos ganharam R$ 820. Desde o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff, a desigualdade avança. Na comparação com 2017, houve um aumento de 8,4% na renda das pessoas mais ricas – e, para piorar, uma queda nos ganhos das classes que formam os 30% mais pobres

O índice de Gini, que mede concentração e desigualdade econômica, indo de zero (máxima igualdade) até um (máxima desigualdade), chegou a 0,509 em 2018, para rendimentos de trabalho. O indicador era de 0,508 no Brasil em 2012, depois diminuiu para 0,494 em 2015 e voltou a subir. “Essas variações no índice de Gini têm muito a ver com as flutuações na renda dos mais ricos”, comentou a analista do IBGE, Adriana Beringuy.

O aumento na desigualdade não foi uniforme. No Nordeste, o índice caiu de 0,531 em 2017 para 0,520 em 2018. “No Sudeste, o 1% com maiores rendimentos de trabalho cresceu 17,8%. Nesse mesmo período, no Nordeste, o 1% mais rico teve queda de 16,5%. Então, a redução na desigualdade no Nordeste está mais relacionada à queda nos rendimentos de trabalho dos mais ricos, do que numa melhoria nas condições de vida dos mais pobres”, disse Adriana.

Mais aposentados e pensionistas

Além dos rendimentos com trabalho – que representam cerca de três quartos do total recebido mensalmente pela população –, a pesquisa também investiga outras fontes de renda. É o caso de aposentadorias, aluguéis e arrendamentos, pensões e mesadas e outros rendimentos, como programas sociais e rentabilidade de aplicações financeiras.

Aposentadorias e pensões foram destaque, atingindo R$ 1.872 em 2018, a maior média entre as outras fontes pesquisadas. Isso significa um crescimento de 3,3% em relação a 2017 e de 7,3% em relação a 2012. Do total da população, 14,6% recebiam esse benefício em 2018, enquanto em 2012 essa proporção era de 13,1%.

“A proporção de pessoas com rendimento de trabalho caiu, e isso tem relação com a perda de empregos. Já a proporção de aposentadorias vem aumentando, o que pode estar relacionado a mais pessoas buscando o benefício e por componentes demográficos – tanto que é mais forte no Sul e Sudeste, onde a população está mais envelhecida”, disse Maria Lucia. No Sul, a população que recebe aposentadorias e pensões chegou a 18,3%, enquanto no Sudeste, atingiu 15,8%.

Bolsa Família

A pesquisa mostrou também que a proporção de domicílios que recebiam rendimentos do Programa Bolsa Família caiu de 15,9% em 2012 para 13,7% em 2018. O percentual manteve-se praticamente estável com pequena queda em 2013 (15,7%), declínio que se acentuou a partir de 2014 (14,9%) e em 2015 (14%).

O rendimento médio mensal domiciliar dos que recebem dinheiro do Bolsa Família também caiu, passando de R$ 368 para R$ 341, após ter chegado ao pico de R$ 398 em 2014. Os números são bem abaixo do rendimento médio mensal real domiciliar dos que não são beneficiários do programa: R$ 1.565.

A pesquisa revela ainda que os beneficiários do programa social têm menos acesso a serviços básicos de saneamento – água, esgotamento sanitário e coleta de lixo. Entre aqueles com Bolsa Família, 71,7% tinha abastecimento de água em geral, ante 88,1% dos que não recebem o benefício. Apenas 37,6% dos beneficiários têm acesso a esgotamento sanitário com rede geral ou fossa séptica, frente a 70,9% da demais parcela da população. E 75,7% contam com coleta de lixo, abaixo dos que não têm o benefício, 93,6%.

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m informações do IBGE