“Não funciona assim”, afirmou o advogado sobre a pressão de diversos setores que querem guiar a próxima indicação do presidente
“Se tem uma coisa que não acontece é o Lula ser pressionado”, diz Rocha sobre indicação ao STF ·
Luiz Carlos da Rocha, um dos advogados que visitou frequentemente o presidente Lula (PT) enquanto ele estava preso injustamente na sede da Polícia Federal em Curitiba, afirmou que não se pode perder de vista o papel do atual governo: reconstruir o país e a democracia. Além disso, Rocha analisou a pressão de diversos segmentos que querem guiar a próxima indicação do presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Se tem uma coisa que não acontece no planeta Terra é o Lula ser pressionado. O Lula não funciona na pressão”.
Ele lembrou, por exemplo, de duas ocasiões em que o Congresso tentou emparedar Lula neste ano, uma vez quando se fazia necessário aprovar a nova composição ministerial do governo, ainda no início de 2023, e outra quando o Centrão pressionava por uma reforma ministerial, que só foi confirmada nesta semana. “No dia que tentaram fazer um cerco com aquele projeto de reforma administrativa, tirava coisa do meio ambiente e mandava não sei para onde, tirava coisa do ministério dos negros e mandava não sei para onde, o que o Lula fez? Chamou e disse: ‘olha, se vocês quiserem rejeitar o projeto não tem problema nenhum, eu vou governar com o ministério do Bolsonaro. Vocês que sabem. Agora, vocês assumam a responsabilidade de vocês e eu vou assumir as minhas’. E viajou. E eles tiveram que aprovar o projeto. Depois, na questão do arcabouço, ‘se não tiver reforma não sei o quê’. O que o Lula fez? ‘Vou resolver depois que voltar de viagem’. E viajou. Não funciona assim. Se você quiser tirar alguma coisa do Lula tem que ser com muito carinho, com muita conversa”.
Sobre a indicação de Cristiano Zanin ao STF, ministro que foi muito atacado, inclusive pela esquerda, por seus primeiros votos na Corte, Rocha rasgou elogios à carreira do ex-advogado. Ele ainda analisou que as críticas se devem a expectativas que foram criadas pela própria esquerda, que acabaram resultando em frustração.“Falar da indicação do Zanin é falar daquilo que estávamos falando: a esquerda cria expectativas – inclusive alguns segmentos de esquerda cobram do governo Lula coisas que ele não se comprometeu a entregar. O Lula é um social-democrata clássico e vai fazer um governo de social-democracia. Não peça para ele fazer um governo socialista, com passos maiores do que ele se propõe a dar porque ele não vai fazer. O Zanin é um advogado extremamente competente tecnicamente, vai ser um grande ministro do Supremo, mas não é um militante de esquerda. O Lula indicou uma pessoa da confiança dele, que tem todos os atributos para ser ministro do Supremo. Aliás, foi advogado na causa mais importante do século no Brasil”.
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