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O espetáculo desastroso das Forças Armadas na Esplanada dos Ministérios

Por Paulo Pimenta*

As Forças Armadas se prestaram a um lamentável papel na cena armada por Bolsonaro na terça-feira (10), na Esplanada dos Ministérios.

Um presidente declinante, rejeitado pela maioria do povo brasileiro, acossado por denúncias de genocídio e corrupção, realizou uma duvidosa exibição de musculatura contra o Congresso Nacional, o STF, o TSE e a sociedade, associando as Forças Armadas a um espetáculo de quinta categoria.

Foi uma pantomima em que o protagonista que a armou sabe de antemão que será derrotado numa eleição presidencial. Revelou, portanto, mais anemia política do que força, propriamente.

Foi um espetáculo desastroso justamente no dia em que, do outro lado da Praça dos Três Poderes, o plenário da Câmara dos Deputados reuniu-se para votar a adoção ou rejeição do voto impresso, matéria que já tinha sido reprovada na Comissão Especial encarregada de analisá-la.

Ataque às urnas eletrônicas

Bolsonaro usou expediente inspirado na fracassada aventura de Donald Trump em janeiro deste ano.

Foi pautado e agitado há alguns meses pelo atual ocupante do Palácio do Planalto com o objetivo de tumultuar o processo eleitoral de 2022, que pode levá-lo à derrota e, também, à prisão.

O ataque ao sistema de votação eletrônico e a defesa do voto impresso buscam devolver o processo eleitoral brasileiro aos controles dos currais eleitorais da Primeira República.

Uma ação articulada entre Bolsonaro e as milícias que o apoiam, sobre áreas eleitorais onde atuam, para ampliar o controle de amplos territórios.

O que desejam exatamente os comandantes das Forças Armadas com a “Operação Formosa” neste agosto de 2021?

Exibir força?

Intimidar o Legislativo?

Afrontá-lo?

Torrar dinheiro público num convescote no interior de Goiás?

Criar um clima de medo na sociedade para manter a democracia tutelada?

Ou chegaram à conclusão de que se “um soldado e um cabo” não bastam, a gente põe tanques e blindados?

Talvez um pouco de tudo isso.

Não à barbárie

Cabe às instituições, particularmente ao Congresso — e sobretudo à sociedade civil — dar um basta à sucessão de crimes de responsabilidade perpetrada por esse personagem que conduziu a sociedade brasileira à barbárie em que nos encontramos.

O comunicado da Marinha, expedido na noite de terça-feira, é revelador da insensibilidade e do estado de indigência em que se encontram os comandos das instituições encarregadas da defesa do País.

O tom burocrático, impermeável, só reforça a apreensão dos setores democráticos da sociedade brasileira diante da escalada do projeto de autoritário contra as instituições e o processo eleitoral de 2022.

Frente às ameaças, cabe às instituições da República firmeza na exigência do cumprimento da Constituição, e aos setores progressistas, uma resposta firme, ocupando as ruas e as redes na defesa intransigente da democracia.

Ditadura Nunca Mais!

Fora, Bolsonaro!

*Paulo Pimenta é deputado Federal (PT-RS) e presidente do partido no Rio Grande do Sul

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