O ministro Alexandre de Moraes tem traçado um plano que pretende adotar quando assumir o comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): vai manter um canal de diálogo aberto e, ao mesmo tempo, ser implacável contra as fake news e os questionamentos ao sistema eleitoral. Alvo constante dos ataques do presidente Jair Bolsonaro, o magistrado tem dito a interlocutores que sua intenção é atuar para “baixar a temperatura”
O ministro assumirá o cargo no dia 16 de agosto, a apenas 47 dias das eleições, e em meio a contestações sem provas de Bolsonaro ao funcionamento das urnas eletrônicas, a estratégia de Moraes para a pacificação já começou a ser costurada.
Na quarta-feira passada (13/07), ele se reuniu com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Um dos principais articuladores políticos do Palácio do Planalto e da campanha à reeleição do presidente. Nogueira sondou o magistrado sobre a possibilidade de o TSE fazer algumas concessões às sugestões feitas pelo Ministério da Defesa para o processo eleitoral, entre elas a de promover uma reunião entre técnicos do tribunal e das Forças Armadas. O magistrado, contudo, não se comprometeu a aceitar o pedido.
Militares dizem acreditar numa melhoria no diálogo com o TSE quando Moraes assumir a presidência da instituição, tendo em vista a boa relação que o ministro mantém com alguns militares. Na visão de integrantes da caserna, o magistrado estaria mais disposto a dialogar sobre as sugestões feitas ao processo de votação do que o atual presidente da Corte, Edson Fachin.
A relação de Moraes com integrantes do governo e lideranças de partidos políticos também é apontada por outros ministros da Corte como um atributo favorável à sua gestão. Desde fevereiro deste ano, como vice-presidente do TSE, o ministro manteve conversas frequentes com representantes de diferentes legendas, e a expectativa dentro do tribunal é que esse contato seja intensificado com a proximidade das eleições.
Entre as medidas já adotadas pela futura gestão de Moraes no TSE está o convite, feito na semana passada, para que todos os chefes e diretores de departamentos do Tribunal permaneçam em suas funções. É o caso, por exemplo, das secretarias de Tecnologia da Informação (TI), sob o comando de Júlio Valente, e de Polícia Judicial, que continuará sob a chefia do delegado da Polícia Federal Disney Rosseti.
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