A Polícia Militar (PM) expulsou cerca de 200 pessoas desabrigadas pelas chuvas de um prédio público ocupado no centro histórico de Porto Alegre na tarde deste domingo. O edifício estava abandonado há mais de dez anos. Testemunhas relataram que os PMs usaram gás de pimenta contra o grupo de ocupantes. Com informações do uol.
Shirley Diones Pinheiro, 40, costureira e mãe de três filhos, disse que as crianças foram afetadas pelo gás. “O meu filho de 2 anos começou a esfregar os olhinhos, tossir e espirrar porque ficou sufocado pelo gás”, contou Shirley, que estava no segundo andar da ocupação.
A ocupação foi organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Shirley, que teve sua casa em Eldorado do Sul inundada, chegou ao local no sábado (15) com seus filhos, após terem ficado temporariamente em um abrigo.
Jeremias Pedroso, 40, pedreiro, também estava entre os ocupantes. Antes, morava com a esposa e quatro filhos no bairro Humaitá, na zona norte de Porto Alegre. Ele criticou a ação da PM durante a desocupação. “Eles vieram jogando gás de pimenta, teve criança que passou mal. Perdi tudo. Os nossos direitos também foram por água abaixo, a enchente levou junto”, destacou.
Um boletim de ocorrência foi registrado após a ação policial. A vereadora Abigail Pereira (PCdoB), que apoiava a ocupação, acusou a Polícia Militar de agressão.
Questionada sobre o incidente, a PM justificou a desocupação alegando risco de desabamento de marquises e afirmou que a ação foi negociada antes da intervenção. No entanto, a advogada Clarice Zanini, que estava apoiando a ocupação, contestou essa versão. “A PM não seguiu os protocolos, não houve negociação. Houve, sim, abuso de autoridade”, afirmou Clarice.
Após a desocupação, os ocupantes foram conduzidos ao Palácio da Polícia, onde assinaram um termo circunstanciado de registro do caso e foram liberados em seguida.
Com informações do Diário do Centro do Mundo
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