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Mobilização, que durou dia inteiro, buscou combater reestruturações do banco e corte de agências, além de protestar contra evento para 6 mil gestores, com recursos públicos, no Estádio Mané Garrincha

Servidores da Caixa Econômica Federal, funcionários de outras instituições bancárias e trabalhadores de diversos setores participaram hoje (16) de várias ações da mobilização intitulada “Dia Nacional de Luta” contra o desmonte da Caixa e o desrespeito aos trabalhadores. Eles protestaram, em especial, contra as medidas que estão sendo tomadas pelo governo federal para reduzir o quadro de pessoal da Caixa e que envolvem, segundo informaram, “reestruturação de áreas, verticalização e descomissionamentos arbitrários”. A maior parte das manifestações foi realizada em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, onde foi realizado um encontro de dirigentes do banco público com cerca de 6 mil gestores.

A manifestação foi convocada pelo Sindicato dos Bancários de Brasília e teve a participação de entidades como a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae). Para o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, “um dos mais recentes golpes contra a Caixa, ao seu caráter 100% público e aos direitos da categoria, é a nova reestruturação, chamada de Programa Eficiência, que mira na redução de despesas em R$ 2,5 bilhões até 2019”.

O programa foi o objeto da reunião organizada no Mané Garrincha entre a diretoria do banco e os gestores. “É absurdo debater o enfraquecimento da Caixa, ainda mais num evento pago com dinheiro público”, afirmou Jair, ao lembrar que recentemente chegou a estas entidades a informação de que cem agências devem ser fechadas.

Em nota de protesto divulgada pelos manifestantes, os bancários questionaram que “debater medidas que significam o enfraquecimento da Caixa é inadmissível, fazê-lo em um megaevento financiado com dinheiro público chega a ser deboche”. Eles reclamaram do fato de gerentes de todo o país terem sido convocados com obrigatoriedade de presença ou justificativa de ausência. E, ainda, de frases espalhadas pelo evento com chavões como Em campo pelo Brasil e Todo um país vibrando por você.

“O Brasil não está vibrando e tampouco joga no time da dilapidação de empresas públicas. Caixa, Eletrobras, BNDES e Correios, entre outras, são fundamentais para os brasileiros”, ressaltaram, no documento.

Sobrecarregados

Representantes do sindicato dos bancários, que se apresentaram aos participantes do evento na entrada com faixas e cartazes em defesa da Caixa e contra as privatizações que estão sendo impostas pelo Executivo Federal disseram, ainda, que no momento os empregados da Caixa estão a cada dia mais sobrecarregados, adoecendo em função da piora das condições de trabalho e até em função de casos variados de assédio moral.

“O ambiente é hostil para os trabalhadores, de desrespeito e sem levar em conta nossos limites”, contou a bancária Karla Benfica.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Eduardo Araújo, disse considerar o encontro promovido pela Caixa com os gestores “uma afronta”. “Mostra a contradição da reestruturação pregada pela entidade, que fala em reduzir despesas com o quadro funcional e ao mesmo tempo financia com dinheiro público um exemplo dessa natureza”, reclamou.

“Além da incoerência em si, o evento exclui a grande maioria dos empregados, o que é lamentável. Quanto às metas, tenho medo do que será divulgado e cobrado desses colegas, o que consequentemente vai acarretar em mais adoecimento de todo o corpo funcional da empresa”, afirmou a secretária de Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fabiana Uehara Proscholdt.

“A Caixa 100% pública e social não está em jogo. É fundamental que entidades, empregados e sociedade se unam ainda mais para reafirmarem que não abrem mão do banco como parceiro estratégico na execução de políticas públicas e na prestação de serviço dos brasileiros”, acrescentou Fabiana.

A diretoria da Caixa divulgou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o evento teve como intuito “buscar maior interação e cobrar mais produtividade dos empregados”.

por Hylda Cavalcanti, da RBA