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Até agora uma aliada fidelíssima de Bolsonaro-Guedes num ponto essencial da política econômica, a Reforma da Previdência, a Folha de S. Paulo acaba de entregar os pontos na questão mais importante — a criação de um sistema de capitalização individual, destinado a substituir o sistema público de aposentadorias em vigor no país.

Depois de apontar para um emaranhado de incertezas e indefinições que acompanham o projeto, sugerindo que não passa de um serviço apressado e mal feito, a Folha conclui em editorial (14/4/2019):  “o pragmatismo recomenda, pois, que se remova a capitalização da proposta de reforma, de modo a facilitar a tramitação do texto”.

É certo que o jornal continua a favor de mudanças nas regras da Previdência que, se forem aprovadas, irão obrigar os empregados a trabalhar mais, pagar mais, para receber aposentadorias menores. Tampouco  condena a capitalização em si. Mas o sinal político dessa decisão é inegável. A capitalização não só representa uma opção radical pela privatização da Previdência. Também marca a ligação entre a reforma elaborada por Paulo Guedes a política econômica da ditadura Pinochet, que introduziu o sistema, fracassado, no Chile da década de 1980.

Na posição de jornal impresso de maior circulação do país, titular ainda de um dos portais de maior audiência, acredita que a desistência da capitalização pode “facilitar a tramitação do texto”. É uma cautela compreensível.

Pesquisa do próprio DataFolha, que também pertence ao jornal, mostra que, apesar do país assistir a uma campanha de pelo menos uma década a favor da reforma, essa idéia é rejeitada por 51% contra 41% da população.

Conclusão: o risco de perder tudo em função de uma aposta alta demais é real.

Esse reconhecimento é um estímulo  importante para os partidos de oposição que lutam para impedir o bloco dos aliados do Planalto de reunir os 308 votos necessários para que a reforma venha a ser aprovada.

Confirma o acerto daqueles que nunca desistiram de defender a Previdência pública e serve de argumento para aqueles que até agora se mostravam hesitantes.

Alguma dúvida?

PAULO MOREIRA LEITE