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O banco Crédit Suisse publicou relatório, assinado pelos economistas Solange Srour e Lucas Vilela, sobre a disputa presidencial no Brasil, apontando uma vitória do ex-presidente Lula (PT). O banco se baseou nas recentes pesquisas de intenção de voto que mostram Lula à frente de Jair Bolsonaro (PL) — podendo ganhar no primeiro turno, inclusive.

O documento busca retratar alguns cenários sobre um eventual terceiro mandato do ex-presidente. 

“Lula é um político experiente e sabe que, para poder governar o país nos próximos anos, ele precisará manter sua popularidade alta. Dadas as atuais condições econômicas — crescimento fraco, inflação alta e juros altos, além do aumento da desigualdade de renda e alto endividamento — ele precisaria começar sua administração com alta credibilidade e ação”, afirmam os economistas.

“Desta vez, não haverá tal carta [ao povo Brasileiro, divulgada antes das eleições de 2002], mas o fato de que o antigo presidente está fazendo propostas para partidos de centro-direita e direita traz confiança de que ele será pragmático”, destacam.

Os economistas avaliam, no entanto, que Lula não adotará medida fortemente antineoliberal, como ele vem anunciando. “Isso é especialmente verdade agora que ele conhece os efeitos do enfraquecimento do tripé com a estratégia adotada no economia do governo Dilma Rousseff. Ele também sabe que a radicalização assustaria uma porcentagem de investidores e da comunidade empresarial, piorando sua governabilidade”, apontam os analistas do banco.

“Não vou pedir voto ao mercado. Vou pedir ao povo”

Nesta quinta, Lula, em entrevista à Rádio Progresso, de Cariri, no Ceará, afirmou que ‘não vai pedir voto ao mercado’ e que o povo brasileiro será prioridade em seu eventual terceiro governo. “Não vou pedir voto ao mercado. Vou pedir voto ao povo brasileiro, porque o povo brasileiro na verdade é o grande mercado que eu quero ajudar nesse país. Na hora que o povo estiver comendo, bebendo, se vestindo e trabalhando, ele vai ser a coisa mais importante no mercado. O mercado não existirá se não existir o povo com capacidade de trabalhar e consumir. (…) O mercado vai me agradecer”, declarou.

“Não quero que o mercado venha me perguntar o que eu vou fazer. Eu que quero perguntar ao mercado: o que vocês vão fazer para acabar com a fome nesse país? O que vocês vão fazer para gerar emprego? O que vocês vão fazer para tornar o crédito mais barato para o povo? O que vocês vão fazer para ajudar a gente a diminuir o endividamento da sociedade brasileira? O que vocês vão fazer para parar de cobrar 300% de juros no cartão de crédito? É chegar e perguntar: cara, que Brasil você quer?”, provocou o petista.

Segundo Lula, o país precisa de um governo que “governe para todos”. “Temos que reconstruir o Brasil. A gente precisa viver bem, comer bem, estudar bem, ter o direito de viajar. As pessoas mais humildes estão esquecidas. Quando os políticos estão fazendo discurso no palanque, eles lembram dos pobres e esquecem dos banqueiros, dos grandes empresários. Mas quando descem do palanque, eles esquecem do povo pobre. Esse país só vai dar certo quando tiver um governo que governe para todos. Quero que o empresário ganhe, mas quero que o trabalhador ganhe. Quero que o empresário viva bem, mas que o trabalhador viva bem. Quero que o fazendeiro viva bem, mas que o trabalhador rural viva bem. O grande tem que comer e o pobre tem que comer. O grande quer viajar e o pobre tem direito de viajar. O grande tem carro e o pobre também tem direito de ter um carro”.

Sobre a geração de empregos, em um país de mais de dez milhões de desempregados, o petista disse apostar na transferência de renda como motor de crescimento. “Normalmente quando você entrevista um candidato, ele vai dizer: ‘nós vamos criar uma política de desenvolvimento que vai gerar emprego’. O que faz gerar emprego é um pouquinho de dinheiro na mão do povo. Ninguém vai fazer uma fábrica se o povo não tiver poder de consumo, ninguém vai fabricar sapato se o povo não puder comprar sapato. Então o que nós queremos é colocar o povo pobre no orçamento e o rico para pagar imposto de renda, sobretudo quem vive de dividendo”.

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