Poucas horas após a intervenção federal no Rio de Janeiro, sob o comando de um general de Exército, cheguei a uma conclusão definitiva: ao dizer que estão preocupados com a segurança da população os golpistas mentem. Trata-se de uma jogada eleitoreira.
Todos sabemos e já foi dito e redito que o problema do Rio de Janeiro é falta de dinheiro, de equipamentos, de seriedade.
O temor que tenho é que esta intervenção de Temer – que já é uma figura totalmente desmoralizada perante o mundo – desmoralize também nossas Forças Armadas.
Dava pra ver a cara de constrangimento do general Braga Neto que está sendo obrigado a cumprir este papelão de interventor das forças de segurança no Rio de Janeiro.
Constitucionalmente o Exército não pode cumprir o poder de polícia. Se Temer quisesse na realidade tomar uma medida eficaz deveria ter deslocado mais tropas federais, Polícia Federal, Policia Rodoviária, Força Nacional, Exército, Marinha e Aeronáutica para a fronteira do Brasil.
Desta forma impediria a entrada de drogas e armas. Não entrando armas e drogas certamente interrompe-se o fluxo de rendimento da bandidagem e desarticula-se o crime organizado no Brasil.
Porque Temer nunca propôs fazer intervenção no RGN? A situação do estado é dez vezes pior que a do Rio de Janeiro.
Certamente porque lá não resultaria no mesmo impacto midiático que a intervenção no Rio de Janeiro. Afinal é necessário camuflar a impossibilidade de aprovar a reforma da Previdência e parecer que está no controle da situação.
O mesmo jornal que louva a intervenção no Rio de Janeiro e gastou 80% de seu horário sobre o assunto, mostrou apenas de relance a situação de abandono das famílias vítimas da tempestade tropical no Rio de Janeiro, que vivem hoje de esmolas para sobreviver.
Se os golpistas estivessem realmente preocupados com a segurança da população estariam tomando medidas concretas para ajudá-las a sair desta situação catastrófica.
Durante todas as greves das polícias militares ocorridas em vários estados, inclusive no Rio, em anos anteriores, nunca foi necessário intervenção federal.
Se Temer acha que com esta intervenção ele convenceu a população de algo positivo está enganado. Seu pronunciamento à Nação foi algo deprimente.
Rassaltou, via Jornal Nacional, que não haverá politização na intervenção no Rio, que será técnica. O que será que quis dizer com isso?
No Brasil já sabemos que se existe a necessidade de desmentir a possibilidade de algo ocorrer é porque o fato já está ocorrendo.
Dentre as pérolas de Temer disse que o crime organizado “quase” tomou conta do Rio de Janeiro. Quase? O mais grave – e que ele não disse – é que o caos estabelecido é resultado de anos e anos de gestão do PMDB no estado.
Como diz Guilherme Coutinho, do blog Nitroglicerina Pura, “a verdadeira motivação para intervenção, não foram os assaltos durante o reinado de momo, mas, sim, o medo de uma possível comoção social vindoura que pode abalar, de baixo para cima, as estruturas da República. A faixa na entrada da Rocinha, que motivou mais faixas em outras comunidades cariocas, prometendo descer em caso de prisão de Lula, mostrou a força do povo que, se unido, é uma fortaleza inabalável. “
A demonstração de força de Temer agrada a alguns e creio eu poderia abrir oportunidades com seu Ministério da Segurança de colocar o seu bonde na rua como candidato as eleições presidenciais deste ano.
Em se tratando do Vampirão e da dança das elites no Brasil tudo é possível.
Sua popularidade é próxima de zero mas popularidade alta no campo da direita quem tem?
Chico Vigilante
Dep. Distrital, PT-DF