Ministro garante que o presidente “é o candidato” para o próximo pleito e diz que “pânico” do mercado não afeta “o coração da economia”
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), afirmou que o presidente Lula (PT) será candidato à reeleição em 2026, descartando a existência de um plano alternativo. Em entrevista às páginas amarelas da Veja, Padilha também rebateu críticas à articulação política do governo e minimizou a suposta instabilidade econômica, atribuindo as reações negativas do mercado financeiro a uma “síndrome do pânico”.
Padilha, que tem uma longa trajetória ao lado de Lula desde o primeiro mandato, destacou o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal e social. Segundo ele, a atual gestão alcançou altos índices de aprovação de projetos legislativos, consolidando alianças no Congresso Nacional. “Terminamos os dois primeiros anos de mandato do presidente Lula com a maior taxa de aprovação de projetos de iniciativa do Executivo desde a redemocratização”, enfatizou.
Quanto à possibilidade de Lula não disputar a reeleição, Padilha foi categórico ao afirmar: “esse ‘se’ não existe. Lula é o candidato”. Ele destacou que o presidente estará preparado para defender os avanços econômicos e sociais do governo e o reposicionamento do Brasil no cenário internacional. “A preocupação do PT não tem de ser com quem vai suceder o presidente Lula, mas fazer com que o partido seja cada vez mais conectado com o legado dele e com a realidade da sociedade, para que seja a força política que continuará impulsionando um ciclo de crescimento econômico e redução da desigualdade no país”.
Sobre a liberação de emendas parlamentares, Padilha defendeu o mecanismo como essencial para aproximar as demandas regionais das políticas públicas. Ele ressaltou que os recursos destinados têm impacto positivo quando aplicados em áreas prioritárias, como saúde e educação.
O ministro também afirmou que não há discussão interna sobre reforma ministerial, mas reconheceu que o governo precisa acelerar a implementação de programas e fortalecer alianças visando a eleição de 2026. “O governo precisa acelerar a colheita das ações programáticas e o projeto eleitoral de 2026”, declarou.
Em relação à economia, Padilha desconsiderou preocupações com a alta do dólar e da inflação, classificando esses fatores como “sintomas de uma síndrome do pânico” que não comprometem “o coração da economia”. Ele destacou o crescimento acima das expectativas, a queda do desemprego e o aumento da massa salarial como indicadores positivos.
Questionado sobre o futuro do PT, Padilha defendeu que o partido deve se adaptar às transformações da sociedade brasileira, mantendo o foco em pautas sociais e econômicas. Ele negou que essa abordagem prejudique o avanço de pautas identitárias, reafirmando o compromisso com a defesa de direitos fundamentais. “O pessoal fala que o PT tem de fazer uma guinada para a esquerda, ou para a direita, ou para o centro. Para mim, o partido tem de fazer uma guinada em direção à nova realidade da população brasileira. Realidade cultural, social, na forma de trabalhar, de professar a sua fé, de ocupar o espaço nas cidades e no campo. Isso significa atentar para as mudanças na sociedade que aconteceram no Brasil e no mundo. O que sempre diferenciou o PT de organizações tradicionais de esquerda foi a capacidade de interagir com a realidade do povo brasileiro, e não vir com uma visão apartada dessa realidade. Esse é o nosso grande desafio”.
No campo internacional, Padilha minimizou possíveis impactos da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, assegurando que o Brasil manterá relações institucionais baseadas no respeito mútuo e na defesa de seus interesses econômicos.
Sobre os ataques de 8 de janeiro de 2023, Padilha criticou duramente qualquer tentativa de anistiar os envolvidos, classificando Jair Bolsonaro (PL) como “mentor intelectual” dos atos golpistas. “Não tenho dúvida de que ele foi o mentor intelectual do ataque à democracia. Durante quatro anos, semeou o ódio contra o Supremo, contra a imprensa e também as suspeitas de que teria havido fraude eleitoral. Esse foi o caldo para que criminosos chegassem a ponto de achar que podiam assassinar um presidente eleito, o vice e um ministro do STF. Não há espaço para defender anistia para esses criminosos”.
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