Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno garantiu que Cesare Batitsti faria escala no Brasil antes de ser extraditado para a Itália. Um avião chegou a ser enviado para a Bolívia. Autoridades brasileiras queriam foto ao lado do italiano.
Depois de horas de informações desencontradas, o governo brasileiro foi obrigado a admitir que o italiano Cesare Battisti seguiria diretamente da Bolívia, onde foi preso nesse sábado (12), para a Itália, onde cumprirá sua pena.
A Polícia Federal chegou a enviar um avião para buscá-lo. A aeronave, porém, voltou para casa sem ele. Ele foi entregue a autoridades italianas no início da noite de domingo (13) no aeroporto de Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra.
“O Brasil ofereceu facilitar o embarque pelo território nacional e devido à urgência foi encaminhada uma aeronave da Polícia Federal brasileira à Bolívia. No entanto, optou-se pelo envio direto do prisioneiro à Itália”, diz nota conjunta dos ministérios da Justiça e Segurança Pública e das Relações Exteriores, sem detalhar os motivos.
O chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, anunciou ontem que Battisti faria escala no Brasil antes de ser extraditado para a Itália.
Mais cedo, o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, chegou a informar que um avião do governo italiano estava a caminho da Bolívia para buscar Cesare Battisti.
Heleno, no entanto, reafirmou que Battisti seria trazido para o Brasil num avião da Polícia Federal e trocaria de aeronave antes de seguir para a Itália. Heleno justificou que o avião que buscaria o italiano na Bolívia não tinha capacidade de voar até a Europa.
Na verdade, interlocutores afirmam que havia grande expectativa do governo brasileiro de exibir Cesare Battisti como um troféu antes de enviá-lo à Itália.
Esse era um anseio pessoal do presidente Jair Bolsonaro (PSL). A intenção do Planalto era trazer Battisti à Brasília para ser antes fotografado com as autoridades brasileiras, incluindo o presidente da República.
A extradição do italiano era uma das bandeiras do presidente Jair Bolsonaro. Neste domingo (13), pelo Twitter, o presidente comemorou a captura do fugitivo e fustigou o PT, partido que deu apoio a ele em sua passagem pelo Brasil.
Desde que o atual governo tomou posse, o Ministério de Relações Exteriores (MRE) se vê cercado por episódios controversos. Um deles foi o impasse da exoneração do então presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Alecxandro Carreiro, na semana passada.
A demissão foi anunciada pelo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, mas, segundo Carreiro, o único que poderia exonerá-lo seria o presidente – que o fez horas depois.
Outro assunto que tem colocado a pasta sob os holofotes é a possibilidade de o Brasil abandonar o Acordo de Paris, mesmo com votos contrários como o do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Seja como for, já está certa a extinção da Subsecretaria-Geral de Meio ambiente, Energia, Ciências e Tecnologia, que comandava a divisão de Mudança Climática, no MRE.
Portanto, a extradição de Battisti parecia ser a oportunidade ideal para que o Itamaraty e a Justiça (que tem enfrentado uma crise de segurança nos estados, em especial no Ceará) mudassem o rumo das manchetes.
O presidente boliviano Evo Morales, por sua vez, se reposiciona politicamente com a prisão do italiano. Morales busca em 2019 seu quarto mandato como presidente, e tenta não se indispor politicamente com o novo governo brasileiro. O trunfo de eficiência na prisão de Battisti ninguém tira dele.
Se quisesse, Evo Morales, o primeiro indígena a presidir a Bolívia, poderia ter concedido asilo político a Battisti. Mas ele não quis. O italiano chegou a pedir asilo político por escrito à Bolívia.
Ao entregar Battisti ao governo de direita da Itália, Morales reforça seus laços com a Comunidade Econômica Europeia, ao mesmo tempo em que fica bem com o recém-instalado governo de direita do Brasil.
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