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Enquanto o Brasil afunda na crise social, o campo conservador se digladia à procura daquele que possa ser o melhor feitor para manter e aprofundar a exclusão que voltou com toda a força, como o mostram os inúmeros indicadores de atraso que o país exibe: a volta ao mapa da fome, as ruas se enchendo de sem-teto outra vez, a perda de valor do salário-mínimo e a volta de epidemias que pareciam perdidas no passado, apenas para citar alguns.

Depois de Bolsonaro e suas balas e de Henrique Meirelles e seus cortes impiedosos nos gastos sociais, agora é o bem fornido de carnes Rodrigo Maia quem salta à cena, dizendo que o Bolsa Família “escraviza” e “atrela as pessoas ao Estado” ao não um emprego ou uma possibilidade de estudo.

Do alto de suas tripas forras do bom e do melhor, pagas pelo Estado em sua residência oficial de presidente da Câmara, Maia – além da grossa asneira de falar em “possibilidade de estudo”, uma vez que o benefício é condicionado à frequência escolar dos filhos de seus recebedores – vai falar de “oferecer emprego”  em um país onde as traxas de desemprego são horripilantes?

Falei mais cedo dos homens do “mundo oficial”, de um Brasil que existe para eles e seu entorno, mas não para as imensas massas da população. Maia fez questão de mostrar que vive neste “Brasil” entre aspas, onde os “bacanas” deitam regras para que o povo se comporte como acham que deva comportar-se, não importa que lhe ronque a barriga.

Nem mesmo se peja de ir dizer isso na metrópole, na capital do império, embora seja de duvidar que pudesse dizê-lo, em inglês, nos quase guetos negros de Washington.

A elite brasileira e as sucessivas camadas que ela vai incorporando, como a dos políticos bem-nascidos, de pais que esqueceram das causas generosas que tiveram em suas juventudes esmeram-se na arrogância de sua insensibilidade.

É por isso que nunca conseguem a base social que lhes permita sustentar-se politicamente e precisam não apenas da exclusão social que produzem e eternizam, mas da exclusão política de que quem encarne a esperança destas massas e de um aparato bélico-policial que as proteja da maré de pobreza e brutalidade que brota da selva onde as lançam milhões de seres humanos.

POR FERNANDO BRITO