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Após chegarem ao Brasil, o grupo de brasileiros que escapou da guerra, fome e medo na Faixa de Gaza enfrenta uma nova ameaça: a xenofobia. Hasan Rabee e sua família, com origens palestinas, agora buscam oficialmente proteção do estado brasileiro devido a hostilidades.

“Saímos da guerra para nos sentir seguros em nosso país, e agora aqui não conseguimos ter segurança, xenofobia, ameaças”, desabafou Rabee em entrevista ao Uol, um dos 32 moradores de Gaza que encontraram refúgio no Brasil nesta semana. “Da violência física da guerra para outras violências”, lamentou.

Antes de deixar o Oriente Médio, o brasileiro repatriado expressou seu único plano ao deixar Gaza: “Quero trazer minha família ao Brasil. Não há outro plano…”. Ele ganhou destaque por seus vídeos que documentaram a vida das famílias brasileiras em Gaza, mas agora enfrenta ameaças nas redes sociais, além de campanhas de ódio e difamação.

A solicitação oficial de proteção está sendo conduzida por Talitha Camargo da Fonseca, especialista em direito público e defensora dos direitos humanos. O Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, está sendo acionado para oferecer proteção a Rabee e sua família.

Hasan Rabee foi abraçado por Lula em sua chegada ao Brasil. Foto: reprodução

O PPDDH visa proteger aqueles que estão em risco devido às suas atividades em defesa dos direitos humanos. Talitha destacou que Hasan tornou-se um símbolo da divulgação da violência em Gaza e é ativista pelos direitos humanos. Além da proteção física, ela solicitou apoio psicológico para Rabee e sua família.

O governo brasileiro, ciente das ameaças enfrentadas pelo repatriado, condenou as manifestações de ódio, tanto de antissemitismo quanto de islamofobia. Hasan também enfrentou a ressurgência de postagens antigas nas redes sociais, nas quais ele sugeriu queimar ônibus em Israel em 2015.

Em resposta, Rabee alegou não se lembrar das postagens e sugeriu que poderia tê-las feito “com raiva”, enfatizando sua preferência pelo diálogo em vez da violência. Ele também precisou ser defendido após ver uma reportagem da GloboNews que o atacava.

Antes de efetuar o resgate dos brasileiros, o governo brasileiro anunciou que já estava preparando um lar para os cidadãos que não têm lugar para ficar. Metade dos repatriados têm familiares com residências estabelecidas no país, a outra metade não. No entanto, Augusto de Arruda Botelho, secretário nacional de Justiça, afirmou que não revelaria onde eles ficariam hospedados para manter a privacidade e segurança de todos. 

Botelho também destacou a presença de médicos, enfermeiros, assistentes sociais, equipes da Polícia Federal para auxiliar na regularização de documentos, e representantes de agências da ONU com intérpretes.

Com informações do Diário do Centro do Mundo

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