Para as classes mais carentes, aquelas que continuam lutando por uma chance no mercado de trabalho, a educação tem o poder de se tornar uma escada para uma vida melhor, mais justa e igualitária. Em um cenário perfeito, o(a) brasileiro(a) daria seus primeiros passos sendo alfabetizado na escola, e a cada ano a educação o moldaria para que, por meio do conhecimento, possa ascender social, profissional e financeiramente. Isto em um mundo perfeito, fato que, infelizmente, está longe da realidade no Brasil.
Com um universo de mais de 11 milhões de analfabetos no país, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem sido uma ótima ferramenta capaz de reduzir o nível de analfabetismo e o déficit na nossa educação, sendo voltado principalmente aos adultos que, por diversos motivos, tiveram que deixar a escola. Possibilitar o acesso à educação é extremamente importante, afinal, dessa forma ampliam-se as oportunidades de trabalho dessas pessoas, que conseguem ter acesso a vagas melhores e com salários mais altos, além da formação como indivíduo e cidadão. Mesmo diante de toda importância que a EJA tem para milhares de brasilienses, o Governo do Distrito Federal tenta fechar o segmento em várias escolas.
Segundo dados da Secretaria de Educação do DF, 124.262 mil estudantes do 6º ao 9º ano da rede pública de ensino estão matriculados nas séries finais da EJA, em 190 escolas. Já 33.778 mil alunos registrados em 89 escolas do DF cursam o 2º e 3º segmentos da Educação de Jovens e Adultos. Para um universo de 158.040 mil pessoas que sonham com uma vida melhor, o fechamento de EJAs significa um duro golpe no sonho de um futuro melhor.
Luta contra o fechamento de EJAs
Ciente da importância deste segmento para a democratização da educação no Distrito Federal, o Sinpro tem lutado diariamente contra o fechamento da EJA em várias escolas. Além de acarretar um grande prejuízo aos(às) estudantes, o fechamento de turmas causaria a devolução de vários(as) educadores(as).
O principal argumento utilizado pelo GDF para o fechamento do segmento é uma suposta falta de demanda. Diante deste argumento é preciso salientar que o governo não tem ofertado políticas públicas para contornar os problemas que muitos(as) tem passado. Em meio à pandemia da Covid-19, vários estudantes da EJA não têm como garantir o acompanhamento das aulas, seja por falta das ferramentas necessárias ou pela necessidade de cumprir jornadas exaustivas para garantir o sustento da família. Além disso, há de se considerar a estafa mental e o sofrimento psíquico que tem acometido a sociedade como um todo.
De acordo com a professora e integrante do Grupo de Trabalho Pró-Alfabetização (GTPA– Fórum EJA), as diretrizes operacionais da EJA afirmam que a busca ativa é uma parte importante do processo. “Portanto, é muito importante recorrer a iniciativas que alcancem possíveis estudantes antes de fechar turmas”, salienta Madalena Torres, apontando, também, que essa é uma obrigação da escola, da regional e da Secretaria de Educação. “Num contexto como esse, a prioridade número um é garantir cesta básica para as pessoas, só depois pensaremos em internet para acessar as aulas remotas”, lembra Madalena.
Além de todos os problemas decorrentes da pandemia, o cancelamento de turmas de EJA desanima estudantes, que veem as escolas próximas de sua residência ou de seu trabalho fecharem as portas. Há casos de transferências de turmas de uma escola para outra, fato que resulta em baixa adesão, por dificultar o acesso. Para contornar o problema do acesso, a SEE deve garantir os meios para que a escola possa manter os estudantes motivados, e não lhes impor obstáculos. “O que deveríamos estar pensando é em mecanismos de combater a evasão, muito presente nesse segmento, que inclui pessoas com histórias de vida diversas e dificuldades de toda ordem no presente. É uma modalidade de ensino que deve ser ofertada para atender a todos que não tiveram a oportunidade de estudar na idade apropriada, e isso é muito relevante para corrigir injustiças”, salienta o diretor do Sinpro, Luciano Matos.
Mesmo diante da tentativa de fechamento por parte do GDF, Gisno (Asa Norte) e CED 11 de Ceilândia tiveram êxito e se mantém abertos para a comunidade. Já outras unidades escolares, a exemplo do CED 7 de Ceilândia, tentam suportar a pressão imposta pelo governo para não fechar o segmento.
Campanha contra o fechamento da EJA
Preocupado com os constantes ataques do GDF, o Sinpro tem veiculado Spots para a comunidade nas principais rádios do DF, alertando os jovens e adultos a se matricularem na EJA. É importante que a comunidade compartilhe este áudio e ajude a divulgar a importância da matrícula para a sobrevivência deste segmento.
Além de ser uma oportunidade de melhoria na condição de muitas pessoas, a Educação de Jovens e Adultos responde ao direito à educação, contido na Constituição Federal.
Fonte: SINPRO-DF
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