Não são hackers, são delinquentes de dentro da estrutura do Estado os que acessaram ou cederam suas senhas para o uso criminoso de dados de Alexandre de Moraes e de delegados da Polícia Federal. São servidores públicos devassando informações de um ministro do STF e de colegas do serviço público.
Sabemos que hackers invadem ambientes virtuais com o artifício das chaves falsas. Os que chegaram a dados de Moraes em arquivos oficiais, conforme reportagem de Leticia Casado, do UOL, usaram senhas de funcionários públicos.
A investigação da PF, informa Leticia, revela que 17 servidores realizaram consultas não autorizadas a um sistema sob controle do Ministério da Justiça. Foram milhares de acesso em massa, o que evidencia a atuação de robôs.
Além de liberarem dados usados para intimidar Moraes, os mesmos servidores e seus ajudantes abasteceram os que tentaram chantagear a delegada da Polícia Federal Denisse Ribeiro, com o envio de emails com alertas de que ou ela cedia a uma quadrilha anti-Moraes ou poderia morrer.
Denisse está na origem das investigações sobre a estrutura de produção e disseminação de fake news, dentro do governo Bolsonaro, com gente atuando no Palácio do Planalto.
O que ninguém relembra na grande imprensa é que a delegada foi a primeira autoridade policial a tratar pelos nomes, em documento oficial, o esquema de mentiras e difamação dessa estrutura de milicianos bolsonaristas.
Denisse Ribeiro escreveu, em relatório de fevereiro de 2022, enviado ao ministro Alexandre de Moraes, que havia um gabinete do ódio para atacar pessoas. E que agiam ali, na forma de quadrilha, como se fossem milícias digitais.
Esse relatório da PF, com as primeiras informações sobre a gangue das fake news, cita o gabinete do ódio e as milícias, porque uma delegada da PF assim se refere aos bandidos até hoje sob investigação e em atividade, mesmo fora do governo.
Denisse afastou-se do caso logo depois e nunca mais se ouviu falar dela. Reaparece agora como uma das autoridades ameaçadas, entre outros delegados cercados pelos que acessaram e ameaçaram (ou abasteceram os ameaçadores) policiais e o ministro envolvidos nas investigações sobre os milicianos de Bolsonaro.
E quem mais surge como ameaçado, além de Moraes e Denisse? O delegado Fabio Shor, que a substituiu a partir de 2022 nesse caso. O que deixa claro que o objetivo da quadrilha, que continuou agindo, é o de amedrontar os que investigam o gabinete do ódio.
E agora vamos às interrogações. Como um grupo de servidores consegue entrar nos dados de um ministro do Supremo, usando o aparato de Estado, com a invasão de sistemas que deveriam estar sob proteção do Ministério da Justiça? Como esses dados devassados são usados inclusive no X, apesar dos alertas do STF ao próprio X?
Como os conteúdos são facilmente acessados, por consultas em massa, para ameaçar um ministro do Supremo e delegados da Polícia Federal, enquanto a PF não consegue acessar informações de investigados, mesmo que com a toda a estrutura de peritos dedicados a essas tarefas?
Um exemplo que já ficou clássico: como a PF não consegue devassar dois aparelhos do autoproclamado véio da Havan, apreendidos em agosto de 2022, enquanto dados de Moraes são acessados por robôs com senhas dos próprios servidores públicos?
O próprio Alexandre de Moraes informou há um ano que o inquérito sobre indícios de atitudes golpistas do dono da Havan seria prorrogado, porque o sujeito não fornece as senhas e a PF não consegue entrar nos celulares.
Pergunta-se: como é possível que tais aparelhos sejam tão indevassáveis, enquanto ficamos sabendo que Moraes e os delegados que trabalham em inquéritos sobre a estrutura criminosa do bolsonarismo continuam sob ameaça constante de milicianos digitais?
Por que os dados do mais valente ministro do STF estão por aí, sendo usados pelos que pretendem amedrontá-lo? E os dados véio da Havan, em que poderosa nuvem foram se acomodar, para que sejam tão inacessíveis?
Com informações do Diário do Centro do Mundo
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