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Regime militar no Brasil. (Foto: Reprodução)

A experiência da ditadura liquidou de vez qualquer traço de respeitabilidade que os militares pudessem manter no Brasil.

Foram duas décadas de violência, arbitrariedades e corrupção desenfreada.

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Outras décadas se passaram desde então. A cúpula fardada não foi capaz de fazer uma autocrítica – nem do golpe, nem da tortura, nem da censura, nem da concentração de renda, nem do entreguismo, nem da roubalheira.

Quase 40 anos após a redemocratização, o Estado brasileiro mantém Forças Armadas que ainda têm orgulho e nostalgia da ditadura.

Nos governos civis, os militares lutaram para manter impunidade, capacidade de influência política (leia-se poder de ameaça), privilégios corporativos injustificáveis e acesso a bons negócios.

Quando um ex-oficial subalterno de poucas luzes mas metido a malandro teve chance de chegar ao poder, os generais não tiveram dúvidas. Colaram nele, em busca de vingança, sinecuras e oportunidades de negócio.

Tráfico de drogas, contrabando, receptação, contratos superfaturados, esquemas com as milícias, também genocídio yanomami, sabotagem às medidas de saúde pública, golpismo, fábricas de mentiras – em suma, tudo, no governo Bolsonaro, tem dedo de militares.

Todas as vezes que precisam demonstrar algo de sua expertise profissional, as Forças Armadas brasileiras dão vexame. De desfile de tanques na Esplanada à operação no Haiti, sem esquecer da logística do general Pazuello.

Eduardo Pazuello. Foto: Anderson Riedel / PR

Teve um tempo em que essa ineptude profissional era atribuída à formação bacharelesca. O desempenho acadêmico pesaria muito para as promoções, mais que os resultados obtidos em campos de batalha inexistentes, e o Brasil formaria “intelectuais fardados”.

Bom, se um dia foi assim, certamente não é mais. Na cúpula militar, imperam a ignorância e a incultura.

Há quem defenda simplesmente extinguir as Forças Armadas.

Não acho que seja tão simples assim. Um país com as dimensões e as riquezas do Brasil não pode prescindir de forças de defesa próprias.

Mas é urgente traçar uma política de regeneração das Forças Armadas, expurgando a cúpula, punindo corruptos e golpistas, mudando a educação militar e as políticas de promoção.

Pena que Lula prefere manter, no Ministério da Defesa, um civil frouxo e conivente com todos os desmandos fardados.

Publicado por Luís Felipe Miguel

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