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Rubens Pierrotti Junior, coronel da reserva do Exército, segura um livro durante lançamento, no Rio, de seu livro Diários da Caserna, em que denuncia corrupção no Exército
Rubens Pierrotti Junior, coronel da reserva do Exército, durante lançamento, no Rio, de seu livro Diários da Caserna. Foto: reprodução

No livro “Diários da Caserna: Dossiê Smart: A História que o Exército Quer Riscar”, o coronel da reserva do Exército, Rubens Pierrotti Junior, revela denúncias de corrupção envolvendo as Forças Armadas e alguns oficiais, com destaque para Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente e atual senador. Com informações da Folha de S.Paulo.

Pierrotti, hoje advogado, detalha acusações sobre a compra de um simulador de apoio de fogo da empresa espanhola Tecnobit, que custou € 13,98 milhões aos cofres públicos (aproximadamente R$ 83 milhões pelo câmbio atual), iniciando em 2010 e concluída com a inauguração dos simuladores em 2016.

Embora o Exército e Mourão defendam a transação, argumentando que ela resultou em economia para a corporação, as investigações da área técnica do TCU revelaram várias irregularidades, mas o plenário da corte decidiu arquivar o caso em 2021.

O simulador, descrito como um videogame gigante que simula combates com artilharia em realidade virtual, foi adquirido com o objetivo de reduzir o uso de munição real. O processo de compra, iniciado em 2010 e concluído em 2016 com a ativação dos simuladores, foi marcado por polêmicas.

Militares do Exército durante treinamento com simulador de apoio de fogo
Militares do Exército durante treinamento com simulador de apoio de fogo. Foto: Reprodução

Pierrotti, supervisor operacional do projeto por três anos até 2014, denunciou direcionamento para favorecer a empresa espanhola, pagamentos antecipados sem execução contratual adequada, tráfico de influência, entrega de produto inadequado e desperdício de recursos públicos.

Apesar das reprovações repetidas do corpo técnico do Exército ao equipamento, Mourão interveio no processo em andamento para garantir a compra, desconsiderando as objeções técnicas, segundo relatos de Pierrotti.

Vale destacar que as revelações sobre a compra do simulador vieram à tona em 2018 através de uma reportagem do jornal El País, que teve acesso a documentos do caso por meio de um extenso dossiê enviado à plataforma BrasilLeaks. Pierrotti, entrevistado na época, corroborou as acusações do dossiê.

No livro, ao relatar o episódio, Pierrotti utiliza o título irônico da reportagem do El País, substituindo o nome do acusado por “general Simão”. Além de Mourão, o coronel aponta o general Marco Aurélio Vieira, ex-secretário de Esporte do governo Bolsonaro, como um dos responsáveis pela condução do negócio.

Além de expor detalhes sobre este caso específico, Pierrotti critica a conduta da instituição militar, sugerindo que há tolerância a práticas ilícitas e até recompensa para infratores, evidenciando uma cultura arraigada na corporação que demanda maior transparência e responsabilidade.

Com informações do Brasil 247

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