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  O conhecimento destrói mitos. Essa assertiva presente em cartazes das manifestações contra o corte de verbas da Educação em todo o país é a melhor imagem desse trágico cenário criado pelo governo Bolsonaro.

A ação perspicaz do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) que requereu a presença do ministro Abraham Weintraub na Câmara dos Deputados no dia dos grandes atos de protesto contribuiu muito para que mais mitos fossem lançados por terra, como a falácia de que a prioridade é a educação básica, posta a pique por uma contundente intervenção da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Orlando Silva também pegou o ministro em contradição, mostrando o que ele chamou de “manobra contábil” usada para dizer que o corte nas universidades federais foi de 3,5%. A conta de Weintraub considera a verba total, o que inclui a parte que não é passível de contingenciamento. Na verdade, o montante de recursos que pode ser bloqueado, chamados de discricionários, chega a 30%, segundo o próprio Ministério da Educação (MEC). “Aliás, o ministro é professor de contabilidade”, ironizou o deputado.

Essas e outras questões foram respondidas pelo ministro com a sua habitual retórica limitada à adjetivação e à tergiversação, sempre com o ranço da ideologia da extrema direita, uma afronta à civilização e à civilidade. Faltou, para Weintraub — como sempre —, espírito de urbanidade, um mínimo de esforço de coexistência pacífica e respeito ao contraditório, regras básicas e clássicas da democracia como um valor essencial, cravado fundo na alma da Constituição brasileira. Democracia é, acima de tudo, reconhecer os direitos do outro.

O ministro apenas repetiu o comportamento de um governo guiado pelo passado obscurantista de um tempo que antecedeu as luzes da civilização, oposto ao conhecimento científico que hoje têm como centro irradiador as universidades e as instituições de ensino em geral. Não há, para esse governo, a perspectiva de uma base social fundada nas premissas do desenvolvimento, com trabalhadores capacitados, socialmente integrados, e cientistas produzindo tecnologia, conhecimento e desenvolvimento. Numa definição: desenvolvimento soberano e progresso social.

Outra confirmação desse embotamento foi a manifestação do presidente Jair Bolsonaro que, com sua reiterada prática de agredir o que não lhe convém, chamou os manifestantes contra o corte de verbas para a Educação de “massa de manobra” e ” idiotas úteis”. Nessas categorias, segundo o rude e chulo dicionário de Bolsonaro, estão cientistas renomados, lideranças políticas e especialistas que dedicam a vida à busca de qualidade para a educação. Além, óbvio, da multidão de estudantes que compreenderam a gravidade dessa medida para eles, para a sociedade e para o país.

Esse quadro de hoje é a um só tempo uma fotografia do que o Brasil tem sido com a marcha golpista que pavimentou o caminho da extrema direita e do que pode vir a ser. Os estudantes, sobretudo, merecem o mais entusiasmado reconhecimento e apoio por esse ato inaugural, pode-se dizer assim, de oposição de massas ao bolsonarismo.

Com eles estiveram docentes, trabalhadores e muitas outras categoriais, mas coube, mais uma vez, ao movimento estudantil — liderado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes secundaristas (UBES) —, de larga e histórica tradição de luta, dar esse passo de enorme significado. Como se diz, os passos dados vão criando o caminho.

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