Vacinas e remédios para pessoas com câncer e HIV também foram descartados
O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) incinerou milhares de medicamentos utilizados no tratamento de doenças raras e de alto custo. Cerca de R$ 214,2 milhões em medicamentos e doses de imunizantes foram descartados na última gestão.
Entre os itens perdidos estão: vacinas de diversos tipos, como contra sarampo e rubéola, pentavalente, hepatites e tríplice viral. Medicamentos utilizados no tratamento contra câncer e hepatite C também entram na lista, além de testes e medicamentos destinados a pessoas que vivem com HIV, incluindo crianças portadoras do vírus, avaliados em R$ 8,5 milhões. Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) e divulgados pela Folha de S.Paulo.
949 doses de Translarna, produto usado para pacientes com distrofia muscular de Duchenne, que causa degeneração muscular progressiva, também entram na lista de descarte do ex-capitão. A estimativa é que os lotes tenham custado R$ 2,74 milhões no total.
Os dados sobre estoques da Saúde estavam sob sigilo desde 2018. No fim de fevereiro, a Controladoria Geral da União (CGU) recomendou revisão dessa reserva. A pasta comandada por Nísia Trindade liberou, por enquanto, a relação de produtos descartados.
“Ver essa lista de medicamentos descartados é extremamente decepcionante, pois a gente passa por muitas dificuldades para o paciente receber o tratamento”, afirmou Amira Awada, vice-presidente do instituto Vidas Raras.
Os dados apresentados pelo Ministério da Saúde, no entanto, não permitem afirmar que todos os produtos foram descartados por conta do fim da validade, sabe-se que em alguns casos, certos medicamentos podem ter sido reprovados em testes de controle de qualidade ou inutilizados por causa do armazenamento incorreto.
Entretanto, especialistas da área que integram o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmaram, que a maior parte dos insumos foi sim incinerada após o fim da validade, evidenciando certa negligência de Bolsonaro na administração dos recursos. Foi revelado ainda que outros produtos podem estar vencidos no estoque e ainda serão encaminhados para o descarte.
Em nota, o Ministério da Saúde disse que o “cenário de desperdício” de vacinas, medicamentos e outros insumos “reflete o descaso do governo anterior” e má gestão do ex-capitão e seus administradores.
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