A atual prefeita de Paris, Anne Hidalgo, do Partido Socialista, saiu vitoriosa do primeiro turno das eleições locais na capital francesa, que aconteceu no domingo. Cercada por questionamentos sobre sua realização em meio à pandemia de coronavírus, o pleito teve seu menor comparecimento histórico: apenas 45% das pessoas aptas a participar foram às urnas, cerca de 20% a menos que nas últimas eleições, em 2014.
Contrariando as pesquisas, que mostravam intenções de voto para a prefeita na casa dos 25%, Hidalgo teve 29,3% de apoio. Em segundo lugar, com 22,7%, ficou sua concorrente conservadora, Rachida Dati, seguida da candidata do presidente Emmanuel Macron, Agnès Buzyn, com 17,3%. Em quarto, ficou o ecologista David Belliard, com 10,8%, seguido de Cédric Villani, com 7,9%, dissidente do República em Marcha, partido do presidente.
O segundo turno da eleição na capital francesa acontecerá, ao que tudo indica, no próximo domingo. Pela lei local, candidatos que obtiveram mais de 5% dos votos poderiam se juntar, dificultando previsões mais exatas do que poderá acontecer. As rodadas de negociação, no entanto, estão suspensas em meio à especulações sobre o que acontecerá no país em meio à epidemia do Covid-19.
Macron fará um pronunciamento à nação na noite desta segunda, onde, segundo a imprensa francesa, deverá decretar quarentena em todo o país. Até o momento, 5.423 pessoas foram infectadas na França, com 127 mortes. Caso o segundo turno não possa ocorrer, os resultados de domingo poderão ser cancelados — algo que os aliados de Hidalgo se opõem a fazer, defendendo o adiamento da segunda rodada por algumas semanas e métodos de votação não presenciais, como por correio.
De acordo com o jornal Le Monde, o ministro da Saúde, Olivier Veran, anunciou que uma resposta definitiva sobre o segundo turno será dada até a terça-feira.
No total das 35 mil prefeituras pelo país, a abstenção chegou a 56% e a maioria dos prefeitos que pleiteiam a reeleição, assim como Hidalgo, saíram na frente. Em seu discurso, ela defendeu uma união com os “progressistas” e “ecologistas”, fazendo um claro apelo a Belliard. O desempenho dos ecologistas foi, provavelmente, o destaque da noite, com o partido aparecendo na liderança em uma série de cidades importantes ao redor do país, como Lyon, Besançon, Estrasburgo e Grenoble.
Na entrada das 35 mil sessões eleitorais do país, gel antisséptico foi disponibilizado para que os eleitores limpassem as mãos antes de votar. Também foi usada uma fita adesiva no chão para indicar uma distância segura, de pelo menos um metro, que as pessoas deveriam manter uma das outras.
O resultado, por sua vez, é um revés para o República em Marcha que após um bom resultado nas eleições europeias do ano passado, não aparece na frente em nenhuma grande cidade francesa. A situação na sigla na capital complicou-se após Villani decidir contrariar as diretrizes do partido, desafiando o candidato oficial, Benjamin Griveaux.
A campanha de Griveaux, no entanto, teve um fim inesperado: o braço-direito de Macron teve um de seus vídeos íntimos divulgados — escândalo que lhe fez encerrar sua candidatura para “proteger” sua família. As imagens de conversas online entre o político e uma mulher não identificada foram divulgadas pelo artista dissidente russo Pyotr Pavlensky.
O Globo
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